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quarta-feira, 31 de março de 2010

Feliz Páscoa Amigos.
J. Norinaldo.

O que desejo aos meus amigos nesta páscoa e sempre,
O canto de passarinhos os sorrisos de 1000 crianças,
Um arco íris cheio de cores, um jardim com muitas flores,
A voz do vento cantando um hino que fale só de esperanças,
A primavera antes do tempo um céu repleto de paz e luz...
E aos poetas muita inspiração pra falar do amor do Senhor Jesus.

Para os que sofrem que Deus possa aliviar a dor,
E que o amor seja uma constante em suas vidas,
Que em cada abraço Deus seja espremido contra cada peito,
Que cada individuo tenha o direito a felicidade;
Que seja o amor o bálsamo certo pra vossas feridas,
E que não condenem nenhum ser humano só por ser suspeito.

Que nossas crianças seja respeitadas só como crianças,
Que as esperanças se renovem sempre há todos instantes,
Que as borboletas possam voar livre por campos e bosques,
Que as baleias voltem a cantar seu canto nos sete mares,
Não só na Páscoa, mas que Deus esteja sempre nos vossos lares...
E que não esqueçam, o quanto são pra mim importantes.

Não esqueçam nunca que um leproso é nosso irmão,
E que entre ladrões nosso maior mestre foi crucificado,
Que o preconceito seja abolido das vossas mentes,
Que nunca mais me julguem pelo que pareço,
Que não me atirem pedras quando não mereço...
As feridas saram, mas nem se comparam a lepra da alma.

segunda-feira, 29 de março de 2010


A Encosta do Monte.
J. Norinaldo.

Eu vi na encosta do monte,
O que qualquer um pode ver,
A mata o pássaro o canto,
A tarde o sol se esconder,
Evitei pisar na formiga...
Deixando a formiga viver.

Eu vi na encosta do monte,
Pela manhã o sol nascer,
Vi o pássaro mais lindo,
Seu canto a me oferecer;
Sem esperar meus aplausos...
Sem nada em troca querer.

Eu vi na encosta do monte,
Um lindo riacho a correr,
Ouvi o murmúrio da fonte,
E me lembrei de você,
Por que nunca está comigo,
Aqui na encosta do monte?

Eu vi na encosta do monte,
As estrelas brilhando no céu,
Bebi da água fresca da fonte,
Encantei-me com tanta beleza,
Que agora tenho tanta certeza...
Que Deus está, na encosta do monte.




domingo, 28 de março de 2010


Cemitério
J. Norinaldo.

Minhas ruínas são meus sonhos,
Quando acordo e não os vejo,
Minhas ruínas são meus ganhos,
Que perco sonhando com um beijo,
Minhas ruínas são meus castelos,
Construídos com as pedras do desejo.

Ruínas seremos todos no final,
Com ruínas enfeitadas ao redor,
As ruínas do silencio para sempre,
Que escondem dos corvos a carniça,
Do orgulho da soberba na caliça...
Da ruína que retornará ao pó.

Cemitério jardim onde nada brota,
Mas que lota de semente a cada instante,
Bem regadas por lágrimas de dor,
Que dão a única certeza ao regador,
Que por mais bens que tenha nesta vida...
Um belo dia também será regado.




quinta-feira, 25 de março de 2010


A Diva do Cais
J. Norinaldo.

No barco a saudade do amor que fica,
No porto o aceno de dor por quem parte,
Depois dos abraços e os beijos finais,
Há alguém que abana seu lenço branco,
Para todos que partem, é a diva do cais.

Ninguém a conhece, mas não se importam,
Pois pensam que ela é o amor de alguém,
Já faz tanto tempo que esta vida deixou,
Mas não esquece o cais que em vida acenava,
Depois que beijava o seu grande amor.

Um velho marujo solitário na vida,
Nunca teve um abraço e um beijo jamais,
Um dia notou que ela acenava pra si,
Como alguém que chorava por vê-lo partir...
E se apaixonou pela diva do cais.

Uma noite escura no oceano a procela,
Deixou o seu barco a deriva no mar,
O desespero ao pensar em não voltar mais,
Mas uma mulher na proa ao velho sozinho,
Apontava o caminho era a diva do cais.






Flor do Campo.
J. Norinaldo.

Meus velhos sapatos gastos e rotos,
Que nunca pisaram macios tapetes,
As mãos calejadas da sobrevivência,
Que nuca provaram os grandes banquetes.
Meus versos tão simples ou simples refrões...
Nunca declamados nos grandes salões.

A simplicidade não faz poesias,
As flores do campo só juntas são vistas,
Ninguém lhes trás mudas para o seu jardim.
Tampouco lhes tratam com carinho e amor,
Sem notar quanto é bela a natureza,
Pois não há diferença para um beija flor.

Para cada poeta uma flor preferida,
Como se na vida houvesse preferência,
Como se a natureza pudesse mudar.
Muitos antes de conhecer uma Hortência,
Na inocência criança que começa a rimar...
Meus versos falavam na flor do maracujá.

Meus velhos sapatos já gastos e rotos,
E os poemas loucos que tento engendrar,
Me mantém na alma acesa uma chama,
Que a beleza está quero que esteja,
Que a sombra de um rei na poeira rasteja...
E que a flor de lótus se alimenta da lama.

terça-feira, 23 de março de 2010

O Caminho da Humanidade.
J. Norinaldo.

A humanidade caminha pela senda que escolheu,
Tropeçando pelas pedras com archotes apagados,
Como um bando de fantasmas saídos de um pesadelo,
Na ânsia de chegar à frente esqueceram de acendê-los;
Quem guia esta caravana não vai para o mar vermelho,
Os sinais mostram o abismo, mas eles teimam em não vê-los.

Escravos hoje libertos que fazem da liberdade,
Falam em nome de Deus e vendem a felicidade,
Querem o trono divino mesmo que seja na terra,
Para isto fazem guerra e matam sem piedade,
Destroem a natureza poluem as águas do rio,
Hoje a terra é uma bomba falta acender o pavio.

A tradição da família que sustentava a nação,
É uma instituição que há muito tempo faliu,
Para onde foi a decência ninguém sabe ninguém viu,
E a terra esburacada tendo as vísceras à vista;
O fantasma do pudor hoje a ninguém mais assombra...
E hoje a terra é uma bomba falta acender o pavio.




segunda-feira, 22 de março de 2010


Deus Te guarde Isabella.
J. Norinaldo.

Ah! Isabella Ah! Linda criança,
Que em meu coração ainda vive,
Foste aquilo com que sempre sonhei,
Ainda tenho todo o amor que guardei...
Para a filha que sonhei e nunca tive.

Isabella, João Vitor e tantos outros,
Tantos outros que a televisão não viu,
Inocentes que vão parar no lixo,
Ainda chamam o meu cachorro de bicho...
Interessante será que Deus não viu?

O mundo Isabella não é malvado,
Eu não posso te dizer quem é culpado,
Afinal meu amor não sou juiz,
Agora me confesso totalmente abismado,
Em pensar que tenham te matado, pensando em ser feliz.

Ah! Isabella linda criança partiste,
Sem tempo de conhecer a humanidade,
Voltastes para o céu antes do tempo,
Espero que não esqueçam tanta maldade...
Que os culpados não mereçam piedade.
Dia Mundial da Água
O Homem e a Água.
J. Norinaldo.

Se o cometa passou despercebido,
Se a parreira floresceu no mês de abril,
Se a banda já não toca em sustenido,
Se o sol já se pôs e ninguém viu,
Se a vida é vazia e sem sentido,
Se toca, o seu naum não tem mais til.

Não existem dois mundos diferentes,
O ser humano é um só indivisível,
O amor sempre soma e não divide,
O planeta ainda é um adolescente,
Mas que pode morrer precocemente...
Se não cuidarmos dele não duvide.

Não amemos somente o semelhante,
A natureza é o nosso bem maior,
A água a nossa fonte de vida,
Corre lenta na vala negra poluída.
Enquanto a terra sofre e não merece...
O homem oferece a felicidade em pó.


domingo, 21 de março de 2010


Dia Mundial da água
Rema rema Remador.
J. Norinaldo.

Rema, rema remador,
Vai remando enquanto der,
Quando o rio ficar sólido,
Vamos ter que seguir a pé,
Caminhando sobre o Nilo,
Pra demonstrar nossa fé.

Quem conhece uma nascente,
Parece a terra que chora,
Uma mãe que tem seu filho,
Mas tem que deixa-lo ir embora,
Lágrimas talvez de quem antever...
Um destino assim como teve o rio Tietê.

O Tietê teve que ter o destino que hoje tem,
Um rio por onde um trem pode trafegar por cima,
Enquanto o homem disputa mais espaço para si,
Lutando contra os abutres pra pode se alimentar.
Rema, rema remador rema sem perder a fé...
Quem sabe as fezes não cheguem até a Praça da Sé.






sábado, 20 de março de 2010

Perguntas e Perguntas.
J. Norinaldo.

Como posso usar uma coroa, sem reino sem súditos ou castelos? Como beijar quem tanto amo, como os dentes da frente cariados? Como posso adentrar a este templo sem me banhar, com os cabelos em desalinho e com mau hálito? Sem sentir o fedor do negro hábito? Sem saber quem habita essas paredes, se as réstias dos vitrais não são disfarces, de bordéis onde valsam os valetes do baralho? Por que tatuaram em minha mão a primeira letra de mulher, de matar de morrer e de má sorte?
De miséria, de monturo e de morte? Por quê? Quem me condenou a estes becos, e aos espectros que me cercam como sombras? A coceira das feridas que não saram? das perguntas como cigarras em coro, como o som sobrenatural do choro de quem vive somente a perguntar? Por quê? Por que me deram esta vida, sem antes me fazer uma pergunta? E por que me deram o direito a perguntar sem me ensinar a entender as repostas? E proliferam outros parias como eu, que morrem quando nascem para a vida, na palmada de quem lhes dá boas vindas, esmagados como moscas nojentas, como um simples rascunho das placentas. Seria eu o pesadelo de alguém? Porque?
Tudo Passa.
J. Norinaldo.

A distancia entre o cais e a partida,
É que ditam a dor de uma saudade,
Daquele que parte ou de quem fica,
Que o tempo transforma e modifica...
Como vento que ora vem e ora vai.

A dor da partida também passa,
Como passará tudo nesta vida,
Uma roda que jamais pára de girar,
Cabe a quem partiu ou quem ficou...
Voltar, ou ir atrás do grande amor.

O amor que um dia também passa,
Quando o coração suporta a dor,
De repente o lenço abanado na partida,
É apenas uma lembrança esquecida...
Que quando se der conta já passou.

E o amor que se despediu no cais,
Se evapora como nuvem de fumaça,
Outros cais, outra vida outros amores,
Embriagado com perfume de outras flores...
Sem se lembrar que a vida também passa.




sexta-feira, 19 de março de 2010


Beleza e Vida.
J. Norinaldo.

Entre um cochilo e outro da madorna,
Vejo a aranha que decora minha sala,
Que não cochila sempre atenta a sua teia,
A espreita de quem pensa que se embala,
E que quem voa é superior na vida.

De repente uma linda borboleta,
De asas deslumbrantes colorida,
Se debate ofegante em sua teia,
A aranha na certeza do banquete,
A vida bela alimenta a vida feia.

Cujas asas são jogadas como restos,
A beleza que alimenta as paixões,
A natureza nos mostrando seus exemplos,
Só a fantasia se alimenta de ilusões,
Deus não está nos vitrais dos belos templos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Poema para Quem?
J. Norinaldo.

Queria mandar-te algo exclusivo, queria escrever,
Para mostrar que é assim que vivo pensando em você,
E ai, fico perguntando se tem algum sentido e por que insisto,
Ficar a noite acordado procurando versos para um poema,
Se alguém que será o tema nem sabe ao menos que existo.

As vezes, pela janela olho pra lua brilhando no céu,
Rabisco minha poesia por saber que não valer a pena,
Sofrer como um condenado numa sela escura,
Sentindo no coração toda essa amargura,
Por não poder ter-te nos braços ó linda morena.

As vezes dou asas e liberdade a imaginação,
E mesmo sonhando não vejo jeito de aprisionar-te,
Na torre que construí com as penas da minha paixão,
Não sou justo comigo mesmo sofrendo tanto...
Sabendo que este amor só existe da minha parte.

É triste amar alguém que nem se conhece,
É como rezar uma prece sem saber pra quem,
Se um dia disseres ao vento que amas alguém,
Será como uma poesia que a mim declamas...
O vento sabe que te amo... como nunca amei ninguém.





Que Faço pra te Esquecer?
J. Norinaldo.

Jamais te perdoarei por esquecer-me,
Por não querer-me eu até já esqueci.
Ah! Como queria poder te esquecer,
Mas como, se lembrando de você?
Na verdade é que consigo perceber...
Que tentando foi de mim que esqueci.

Nas noites tristes ouço o barulho do trem,
Logo me vem àquela tarde em que partistes,
No sabor daquele beijo que me destes,
Abro a janela e vejo o céu tão estrelado,
Olho pra cama não tem ninguém ao meu lado,
Nem imaginas o mal que me fizestes.

Nos sonhos tu estás sempre em meus braços,
Nos mormaços febris dos meus pesadelos,
O que fiz pra merecer tantos sofrimentos?
O que te fez esquecer teus juramentos?
Que nossos sonhos nada iria desfaze-los?
Saístes da minha vida, nãodos meus pensamentos.


terça-feira, 16 de março de 2010


Rema, Rema, Rema a Dor.
J. Norinaldo.

De que adianta querer me mudar?
Eu não sei sorrir eu não sei amar,
Eu não sei querer eu só sei remar,
Neste mar de lágrimas que eu mesmo chorei,
Eu só conheço o caminho para o abismo,
Este abismo louco que eu mesmo cavei.

Eu sou o juiz que me sentencia,
Eu sou a cadeia que me aprisiona,
Eu sou o carrasco e o cadafalso,
O amigo falso que eu mesmo escolhi;
De que me adianta viver a chorar?
Se não sei viver se só sei remar.

Vou seguir remando até naufragar,
Sem pedir ao céu, pois não sei rezar,
Não mereço a vida, pois não sei viver,
Eu só sei dizer que só sei remar
E assim remando vou morrendo...
Sem saber na vida o que é amar.

Não sei se levo a vida ou a vida me leva,
A uma eterna treva que não se dissipou,
Como personagens que Platão criou.
Meu lago é a fogueira da minha caverna,
Vou seguir a sina de seguir remando...
E morro cantando: rema, rema, rema a dor.




segunda-feira, 15 de março de 2010


É Tão Fácil.
J. Norinaldo.

Ah! É tão fácil viver, é tão fácil sorrir,
É tão fácil amar é tão fácil querer,
Como é belo um poema que fala de amor.
É tão fácil gostar e suportar a dor,
É tão fácil mentir, fácil mesmo é dizer.

É tão fácil lembrar é tão fácil esquecer,
É tão bom ter o dom de poder perdoar,
É tão bom dar amor como o jardim dar a flor,
Como o sol dar a luz sem nada em troca querer.
É tão fácil mentir, fácil mesmo é dizer.

É tão fácil abraçar ser amigo acolher,
É tão bom dividir a colheita com alguém,
É bom fazer o bem, com o maior prazer,
Mesmo que não saibamos a quem.
É tão fácil mentir... Fácil mesmo, é dizer.


Futuro, Presente Passado.
J. Norinaldo.

Ah! Eu queria fechar os olhos diante de um espelho e ver apenas o que quisesse ver. Esquecer pelo menos parte do passado, depois abri-los e não ver minha imagem embaçada pelas lágrimas do presente, por sentir que tão somente o que me resta é o passado. Não lembrar que o passado é tão distante que o presente é o que resta do futuro tão sonhado. Não enxergar tantas rugas neste rosto que não dorme de desgosto e que espera as madrugadas para chorar. Em madrugadas passadas, namoradas, amigos e serenatas, hoje lembranças que voltam como fantasmas ou algozes, sombras vozes, sorrisos, pegadas dos amigos, das namoradas que no passado ficaram. Oh! Velho espelho embaçado limpar-te não vale a pena, Com o passado em cena, meu presente é tão incerto, meu futuro é tão seguro como escrever na areia do deserto.

sexta-feira, 12 de março de 2010


A Sombra da Pedra.
J. Norinaldo.

As vezes penso em desistir de tudo,
Procurar aquela pedra no caminho,
É bem melhor uma pedra companheira,
Do que caminhar sempre sozinho,
Nem o galho da roseira sem a rosa...
Jamais fica só com um espinho.

O caminho é tão longo a percorrer,
Em meu rastro uma sombra sem pegada,
Não me deixa solitário enquanto há sol,
Imitando os meus passos os meus gestos,
Irritante taciturna não diz nada,
Seguindo-me até ser sombra dos meus restos.

A pedra do caminho e sua sombra,
Que acode o caminhante esbaforido,
Descoberta num poema por acaso,
Não a pedra de um brilhante colorido,
O poema brilha mais que o poeta...
Como a flor tira a beleza do vaso.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Amor de Marinheiro.
J. Norinaldo.

A noite o farol o rumo a chegada,
O adeus da partida o aperto no peito,
O sorriso sem jeito querendo chorar,
A noite o farol o vento e o mar...
O sorriso com jeito de quem vai voltar.

A volta o abraço o carinho o sorriso,
O aperto no peito pensando em chorar,
O adeus novamente e o sorriso sem jeito,
No peito a certeza de um dia ficar,
A noite o farol o oceano a singrar.

Até que um dia no porto de volta,
Não há mais sorriso com ou sem jeito,
E a dor no peito um oceano de lágrimas,
Por quem no adeus prometia voltar...
Ficou para sempre no fundo do mar.

A noite o farol e o canto do vento,
O lenço que fica no porto ensopado,
Como velas na chuva da tempestade
Lenços na partida acenam à saudade...
Outros secam as lágrimas da fatalidade.

quarta-feira, 10 de março de 2010


Bocas Famintas.
J. Norinaldo.

O mundo abarrota-se de bocas famintas,
De carne macia ao mercado da noite,
A matilha se esbalda em farto festim;
Em quem a vida nega a felicidade,
A quem veste de trapo sem vaidade...
E noite se esfrega em colcha de cetim.

Cada vez mais cedo assumem as esquinas,
As pobres meninas que a menina pariu,
Que se formam velhas no ventre inocente,
E o mundo impotente não vê ou não viu;
A mãe leva à filha a noite pro vício...
Ensinando o ofício que nem aprendeu.

Tem quem pague mais pela inexperiência,
Quanto mais inocência a libido é melhor,
Em cada esquina histórias distintas,
A cada estação a matilha é maior,
E a mãe natureza acolhendo os frutos...
É o mundo se enchendo com mais bocas famintas.


Folhas do Outono.
J. Norinaldo.

Me voltam as lembranças como velhos fantasmas,
E a injusta saudade como a dor necessária,
Em noites febris me roubando o sono,
Em madornas sutis a sombra do nada...
Como o balé do vento com folhas do outono.

Me envolve a alma de aura sem brilho,
Um vagão sem trilho que transporta miasmas,
Um rio de lodo um pântano tão escuro,
Um abrigo seguro para os meus fantasmas,
Lembranças que voltam como folhas do outono.

Meus muros são frágeis erigidos sem planos,
Pelos meus desenganos ao longo da vida,
Meu futuro é mais curto que foi meu passado,
A primavera se foi e com ela o meu sono,
E de novo os fantasmas das folhas do outono.


terça-feira, 9 de março de 2010


O Relógio do Tempo Marca.
J. Norinaldo.
.

Se pudesse voltar no tempo, Ah! Se pudesse.
Seguraria o ponteiro no dia em que te vi,
Linda como um por de sol sorriso de primavera,
O soltaria com cuidado até quando me sorristes,
Com certeza o prenderia naquele primeiro beijo,
Mesmo que a frente tivesse mais amor e mais desejo.

Mas, não posso voltar no tempo, não posso.
Como é triste não poder buscar a felicidade,
Que deixamos para trás apenas por vaidade,
Seguir o ponteiro agora, talvez seja muito tarde,
Talvez, deixa dúvidas como aquelas do passado...
Aquele beijo inocente, Ainda nos meus lábios arde.

Nem que seja só um beijo, só um beijo nada mais,
E te juro que jamais me separo dos teus lábios,
Lábios que um dia se abriram para me mandar embora,
Lábios que outros beijaram talvez pensando nos meus,
Quantos lábios beijei pensando beijar os teus...
Ter-te em meus braços novamente, é só que peço a Deus.

domingo, 7 de março de 2010


Mulher.
J. Norinaldo.

Mulher, amante, amiga, mas principalmente mãe,
Tu és a deusa, a rainha tu és a mais bela fonte,
Do teu ventre brota a vida para o mundo,
Tu és a palavra mais doce de uma prece,
Até hoje de nenhum ventre ainda nasceu...
O poeta que escreveu o poema que uma mulher merece.

Mulher tu és fonte de meiguice e de candura,
De ternura, de carinho dedicação e amor,
Tu és como a mais linda rosa do jardim,
Que um dia inspirado Deus plantou,
És a rainha da beleza universal...
E tens em cada coração um pedestal.

A beleza da mulher não tem parâmetros,
Nem um pintor chegou a consagração,
De retratar uma tela toda a beleza,
Todo amor que existe em teu coração.
Se Deus fez algo mais belo nos escondeu...
Tu és mulher a mais perfeita criação.





Roseira Morta.
J. Norinaldo

Olhando para o jardim vi uma roseira nua,
E me vi em seu lugar ali num canto sozinho,
Na primavera viçosa cheia de cores e brilho,
Vi as rosas como filhos que criei com carinho,
Colhidas para o amor e outras pra despedida,
E agora no fim da vida somente galho e espinho.

Me aproximei devagar daquela velha roseira,
Outrora toda faceira uma rosa em cada galho,
A vida não tem atalho mesmo para uma roseira,
Agora seca sem folhas sem os cuidados de antes,
Cadê as rosas que causam tantos suspiros em amantes?
Cadê as mãos que afagavam até os próprios espinhos?

Onde está o beija flor que te beijava com carinho?
Se hoje teus galhos secos não servem nem para ninho,
Onde está a bela moça que sempre te pedia uma flor?
Onde estavam teus amigos quando precisastes de ajuda?
Não fiques triste roseira, eu sempre te quis amor...
Vês ali a tua pequena muda que este velho plantou.

sábado, 6 de março de 2010


A Corrida.
J. Norinaldo.

A vida é uma corrida que começa bem devagar,
Se começa engatinhando mesmo sem saber pra que,
E aos poucos vai aumentando, mas você tem que vencer,
Se parar o bicho pega e se correr o bicho come,
De repente a pista some é o final pra você.
Outros limparão a pista pra outro atleta correr.

Correndo mais do que pode buscando não sabe o que,
Quem te inscreveu na corrida você jamais irá saber,
Terá só uma certeza que este nunca correu,
E que existe um final para cada corredor,
Para uns a pista é curta pra outros longa demais...
Uns estão sempre na ponta outros ficando pra trás.

O pódio, um nome na pedra que o destino escreveu,
Ou um cobertor da terra por onde o atleta correu,
Alguns ficam na largada sem conhecer o percurso,
E os que enxergam o final novamente engatinhando.
Esquecendo que choraram quando ouviram o sinal...
Pra começar a corrida e chorando chegam ao final.

sexta-feira, 5 de março de 2010


Naufrágio de Prazer.
J. Norinaldo.

Como um barco a lutar contra a procela,
Cuja vela recolhida forra o lastro,
Quando o mastro como embolo se embala,
Sobre o corpo que cavalga hábil ginete,
Num mar de suor em louca fúria.

Na luta suprema de amor e de loucura,
Na mistura de luxúria e do prazer,
Onde a vida parece prestes a soçobrar,
Onde os gritos e gemidos do amor,
Levam amantes ao prazer de naufragar.

O depois a bonança a praia calma,
O deleite da alma a paz insana,
E o sonhar com novos ventos da procela,
No lânguido regozijar do nirvana...
No ápice de uma luta sem seqüela.

Navegar a deriva em tuas ondas,
Saciar minha sede em tuas fontes,
Deslizar em riachos de suores,
Escalar sem pudores os teus montes,
Gozar sem segredo e sem censura.


quinta-feira, 4 de março de 2010

Apenas uma Noite.
J. Norinaldo.

Por uma só noite não basta, é pouco tão pouco,
Para saciar este amor louco que consome o meu ser,
Que traduz os meus dias em insanos devaneios,
De beijar estes seios de por inteira te ter.
Uma noite somente seria um castigo...
A eternidade talvez para abrandar meus anseios.

Te darei cada estrela que brilha no céu,
Uma estrela por noite que ficarmos juntos,
Até que não reste uma no firmamento,
E com teus presentes ilumines o universo,
Que nosso amor se torne o mais lindo poema...
Que Deus usou por tema num único verso.

Eu não quero uma noite sim a eternidade,
Toda a felicidade que possa na vida existir,
O amor de uma noite com o sol se esvai,
Como chuva de verão que sobre o teto cai,
Eu quero uma vida inteira em teus braços...
Como a escrita no bronze que não se apaga jamais.

quarta-feira, 3 de março de 2010


O Joio e o Trigo.
J. Norinaldo.

Ter sido rejeitado é difícil aceitar,
Quem rejeita não pensa no mal que faz,
Se por bondade aceita por motivo de razão,
Contraria o coração na vida não terá paz.
Quem foi rejeitado sabe a dor de um simples não,
Imagine quem na vida não foi aceito jamais.

A quem vida rejeita seu mundo é bem menor,
O tempo passa depressa por não lhe dar atenção,
Quem sorri de um rejeitado não sente o próprio rejeito,
Pelas esquinas da vida se julgando um ser perfeito,
Não sabe que é incompleto e lhe falta o principal...
Um coração de bondade batendo dentro do peito.

O joio nasce com o trigo na colheita é rejeitado,
A erva daninha cresce tirando a seiva da flor,
Seria da natureza um exemplo a humanidade?
De que na felicidade também tem joio e pragas,
Que nem todo ser humano tem direito ao amor...
Para uns somente a dor, e as moscas pra suas chagas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Ser Poeta.
J. Norinaldo.

Quem nasce poeta é doente da alma,
Jamais terá calma e silencio na vida,
Como a aranha libera de si o fio da teia,
O poeta mostra as entranhas da alma,
Doando o coração para ser o tinteiro...
Alimentando a pena com o sangue da veia.

Quem nasce poeta no choro primeiro,
Nas mãos de alguém que o ajuda a nascer,
Não esquece esse abraço ao longo da vida,
O poema mais belo que a vida escreveu,
Num leito manchado por sangue e suor...
A tela mais linda de um ato de amor.

Quem nasce poeta vai morrer poeta,
Sua poesia, no entanto será imortal,
Que a luz do luar ou a margem de um lago,
Alguém num afago a quem ama oferece.
Quem nasce poeta não chora ao nascer...
Reza sem saber a sua primeira prece.


segunda-feira, 1 de março de 2010


O Ciúme.
J. Norinaldo

A indulgência do rei frustra a mão do carrasco,
A efêmera beleza de uma rosa não diminui seu valor,
A fineza do cristal é que dar valor o frasco,
Delicadeza e candura é que fazem belo o amor,
A perfeição do artista que de argila faz o vaso,
Que por acaso empresta sua beleza a uma flor.

Falar de amor é tão fácil amar no, entanto não é,
Dar mais do receber em troca do que se quer,
Quantos amores perdidos por falta de se entender,
Que ser amor é muito mais do que amor se querer,
Uma montanha de ouro vale menos que um amor...
Se é amor verdadeiro como o que Jesus deixou.

O rei é indulgente por que decerto ama,
O carrasco não sabe o que é o amor,
A cimitarra capaz de ceifar a vida,
Também foi um artista que criou,
Se o frasco de cristal guarda o perfume...
O ciúme pode destruir, a beleza do amor.