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quinta-feira, 21 de março de 2013






Tempo e Distancia.
J. Norinaldo.


No embalo da onda e o bater do relógio, se vão às horas e as distancias, o tempo que jamais retorna e as distancias que transformam o tempo em saudade, saudade palavra só nossa, mas a dor é do mundo do tempo e distancia. No embalo da onda do barco que singra o mar em busca da distância nas horas, enquanto navegas contando o tempo encurta a distancia da saudade por que choras; onda, relógio distancia e saudade, quem navega em busca da felicidade, depende do tempo da distancia e da onda, quem não tem certeza do amor que procura, navega a deriva no mar da loucura, a brisa mais leve o conduz a tempestade, como se a felicidade estivesse na procela. No constante tic, tac que marca o tempo o bramido do vento que açoita a vela, no embalo da onda no rugir da procela, na distancia perdida no navegar a deriva, no brilho da água viva que a saudade revela. Distancia, saudade abraço e sorriso, o tempo e o vento por que... Navegar é preciso.

quarta-feira, 20 de março de 2013




Olhar Perdido.
J. Norinaldo.


Meu olhar varre a paisagem por inteira, sem mover uma folha do outono, a procura dos fantasmas que me seguem, me perseguem em vigília ou no sono, são espectros de sonhos já desfeitos, imperfeitos pesadelos tão medonhos. Meu olhar a buscar todos os cantos os encantos do olhar que já foi meu, os teus olhos os mais belos diamantes, tão brilhantes que o meu olhar perdeu. Minha alma não se rende não se entrega, quando meus joelhos se dobram sob  o fardo que carrega, as feridas dos meus pés o tempo cura é a loucura dessa busca que me cega.
Quando o vento faz bailar as folhas mortas e os pardais cantam alegre na videira, o meu olhar redesenha essa paisagem e de repente a razão se faz bobagem, nada na vida faz sentido, se não encontro aquele olhar perdido. Se na madorna de uma tarde de outono, pego no sono meus fantasmas logo vem, não me assustam ou me consolam que querem então, mesmo em sonho meu olhar está perdido, num labirinto em que só sinto a solidão; não! Não é isto te garanto, tenho certeza que olho em toda direção.
Vou continuar varrendo com meu olhar a terra inteira, de outra maneira minha vida é sem sentido, quem sabe um dia valha a pena essa insistência, só não quero ter vivido, uma existência apenas por um olhar perdido.

terça-feira, 19 de março de 2013





A Esquina do Tempo.
J. Norinaldo.


Quem dobrou a esquina do tempo e não teve tempo de olhar para trás, seguirá cabisbaixo sempre na incerteza de que algo deixou e que não verá mais, ninguém jamais volta à esquina dobrada para ver a estrada que a esquina escondeu, se lembra de tudo que pelo caminho viu, ou se lhes resta apenas algum espinho que os pés lhe feriu, a esquina é o cume que indica a descida não da metade da vida, mas o inicio do fim; o fim do caminho que impõe o tempo e nem sempre os  caminhos que levam a esquina são todos iguais, uns são muito compridos e outros curtos demais.
Às vezes se cruza a esquina sem se perceber, só quando se sente o alívio do peso do fardo da vida, ai se descobre que acabou a subida, nem sempre a decida é tão longa assim, porém é bem mais sofrida até o fim.
Não tem ninguém na esquina para indicar o caminho, e nem é necessário por que este é um só, no final da descida, mesmo sendo descida o cansaço é maior, e no fim do caminho o destino é o pó.

domingo, 17 de março de 2013




Segredos da Noite.
J. Norinaldo.


Oh! Noite com teu manto de estrelas, silenciosa e cúmplice, prisão escura dos meus medos, que me apavora a visão das grades que detém os meus segredos sejam frágeis ou ilusão, criadas pelas sombras da razão. A razão quando louca vira noite, quando a luz é o escuro da razão e o segredo se torna as grades da prisão, onde reside a total felicidade, na prisão onde a loucura é a verdade e as grades são feitas de liberdade, fundidas com o ferro da razão.
Oh! Noite onde as estrelas brilham tanto, mas nem por isto teu manto revela tantos segredos, o! Noite, Tantas estrelas no manto, mas não tantas quantos são os  nossos medos. Quem de sã consciência alarda de que amais sentirá medo, que se revele o segredo de si que a noite guarda? Pode parecer incrível, mas somente na loucura este milagre é possível, a loucura não tem medo, pois sem temor não há segredo, eis ai a grande verdade que as asas da liberdade, não voam para o degredo.
Oh! Noite, ainda bem que teu manto tem estrelas de verdade, que não iluminam por maldade a escuridão dos medos, revelando tais segredos, que a ninguém traria a felicidade.

quinta-feira, 14 de março de 2013




Penas.
J. Norinaldo.


Enquanto a pena pesar menos do que pesa minhas culpas e a águia arrancá-las por dever, numa troca para aliviar o peso, para continuar voando e para continua a viver, usarei estas penas para escrever. Não terei pena de usá-las como adorno, no contorno do meu templo de pensar, de deitar no papel ou na areia, a beleza do sol ou da lua cheia, num poema dedicado ao amor. Enquanto a natureza permitir, que eu possa ouvir o grasnar do corvo ou o grito do condor, eu pintarei com letras a mais linda tela tendo como fundo o céu, usando o coração como aquarela e a pena da águia por pincel.
Enquanto a pena pesar menos do que minhas culpas, sem desculpas escreverei onde puder, enquanto a águia troca as penas pelo peso, eu vivo preso a poesia e a fé, para pintar este quadro de beleza, usando sempre como fundo a natureza e a paisagem com a beleza da mulher; que nunca me falte pena e tinta, que eu nunca minta em um poema qualquer, que Deus me dê sempre muita inspiração, para que eu possa com as tintas do coração,  descrever  uma das mais lindas cenas, a águia me doando suas penas para que pinte belas telas de paixão.

terça-feira, 12 de março de 2013




O Eu Poeta e o Amor.
J. Norinaldo.


O que valoriza o amor é o sofrimento a dor, de quando a gente não o tem, o que o torna  incomum são insuspeitas confissões deixadas nos paredões escritas com urucum. Amor que já existia na sombra que aparecia na parede da caverna, amor que de trás pra frente te leva à cidade eterna.
O que valoriza o amor, além do sofrimento e da dor de quando ele nos falta, mas quando o temos de verdade ele é a felicidade em sua dose mais alta. Nada desvaloriza o amor, nem mesmo quem inventou o amor não correspondido, ou mesmo o amor bandido e até amor solitário, o amor é incondicional, e não existe amor mal, nos ensinou Aquele que pereceu no calvário.
O amor não tem derivados, quando é amor de verdade, se é amor não faz sofrer, o amor é puro prazer paixão e felicidade.
O que valoriza o amor é o sofrimento e a dor, de quando a gente não o tem,  se existem outros motivos sinceramente desconheço, o amor está presente sempre em minha poesia isto é uma verdade desde que eu me conheço, mas sempre  na teoria,  porém na realidade  somente a dor e o sofrimento até este momento... Talvez seja o que mereço.

segunda-feira, 11 de março de 2013




Teus Faróis.
J. Norinaldo.



O farol está no mar não para atrair o navegante, mas para orientar o barco errante a encontrar o rumo e prosseguir, a chamar a atenção para si, pois ali está o perigo eminente, nas pedras ou nos recifes de corais ou na força da corrente. Alguém que se ornamenta de ouro e diamante, esmeraldas e safiras acreditando que isto é felicidade, não passa de um painel de mentiras, uma vitrine sem identidade. Olha-se no espelho  e se pergunta: meu Deus que foi que fiz comigo  mesmo, me enfeitando assim a esmo, nem sequer me vejo por inteiro, o corpo por um tesouro assim coberto , mas pareço um bezerro de ouro de uma história que esqueci por completo.
Será que preciso desse enfeite, e para quem na verdade me enfeitei,  espelho não responde, e o pior é que eu também não sei. Quantos pães dariam por essas pedras? Quantos irmãos da fome aliviarei? Só que na vida se vale aquilo que tem, essas pedras sempre vão pertencer a alguém, quem criou tais regras, não me pergunte, eu não sei.
 Essas pedras na verdade são meus faróis, são meus sóis que atraem as atenções, pois aqueles que tanto precisam de pães... Dariam tudo pra deitar em meus lençóis.





A  Carência e o Farol.
J. Norinaldo.


Às vezes por carência de amizade, você segue a corrente da fragilidade, orientado pelo farol da falsidade  farol duplo que são os olhos da maldade que te prometem o porto da felicidade mas que te lava a ancorar no cais da perdição.A carência de carinho também te deixa a deriva, tu vês num falso sorriso a beleza do arrebol, o que te leva ao farol, por onde enxerga a maldade, que promete a felicidade sem saber nem o que é. A Carência disso tudo leva a carência de amor, que leva o navegador direto para o farol, pois o seu brilho seduz como um inseto na luz, como se fosse o seu sol.
A carência de amizade, de carinho e amor, o que será que restou de importante na vida, além do vento e da vela que leva o barco ao léu, alguma estrela no céu que me indicará o farol, a lua e o calor do sol e um sorriso de criança; ah! O canal da esperança e a certeza, que existem amizade, carinho amor e beleza, mas não esta que me mostras quando te postas mascarada ante os espelhos, e nem os olhos são teus, bela sim quando de joelhos tendo a alma sem um véu, elevas as mãos ao céu e tentas falar com Deus.
Às vezes por carência de amizade a minha alma adoece, para isto não existe prece que amenize essa dor, o antídoto é tão simples mas a humanidade não aprende, que a amizade acende a chama que Deus deixou, assim como é belo o sol, esta sim é o Farol que te guia para o amor.


sábado, 9 de março de 2013




Motivos para Esperança até o Fim.
J. Norinaldo.


Quando já não houver mais motivo, nem esperança do motivo retornar, darei motivo para continuar vivo, pois só preciso de um motivo para dar, mesmo com o mundo caindo desmotivado, mas se alguém sobre a esperança está errado, pois agora eu me lembro de um ditado: “Depois da tempestade vem a bonança” ou seja enquanto há vida ha esperança, portanto estando vivo é um bom motivo para esperar. Agora se a esperança é quem morre, não adianta pra que lado você corre com ou sem motivo, o bicho vai te pegar.
Quando não houver mais poesia, e a fantasia do mundo for uma só, quando o luxo for igual ao rejeito, sem escolha, seleção ou preconceito, a humanidade toda transformar-se em pó, no crepitar das chamas do fim de tudo, as estrofes de um hino de sofrimento, no grito desesperado de uma criança, que lembra que desespero também vem de esperança e agora é tarde para arrependimento.
Por qual motivo teria que ser assim, o mesmo fim para o rico e para o pobre, para o plebeu e o nobre, para o belo e para o feio, para o caibro ou o esteio, para o castelo e o barraco, para o forte e o fraco para o da ponta e do  meio;  não sobrarão nem as pedras, riacho ou rio cheio; e ai, como já não estarei mesmo vivo, não vejo nenhum motivo desta prosa prosseguir, mas escreverei até o último segundo, quero sair deste mundo sendo o último a partir, para ter uma certeza mesmo que seja só para mim... Tive esperança até o FIM.






Oração do Pedinte.
J. Norinaldo.

Deus, senhor de tudo e de nós, mesmo que não ouça Tua voz, como não posso ver o vento, mas ouço sua voz a todo o momento, fazei-me manso e cordato, que jamais tema o furacão, Senhor estendei-me a   mão e daí-me a fé que preciso, eu não quero o paraíso, pois já me destes e o perdi, desobedeci, não sei se aprendi, mas quero agora aprender. Senhor, imploro-te a humildade do arrependimento, Senhor, concede-me o mais nobre sentimento, para que eu possa dedicá-lo a Ti. Pai dá-me inspiração para que possa compor os mais belos hinos deixai que eu os cante em Teu louvor com uma orquestra de lira; jurei que não preguei o teu filho numa cruz, Senhor, confesso, isto foi mais uma mentira. Senhor daí-me o teu amor que eu já tive e perdi quando Te desobedeci e fui expulso do Éden. Pai dá-me, por favor, a contrição, dá-me Senhor Teu perdão por tanto que já menti, aceita Senhor minha oração, de  quem te pede perdão... Por que só sabe pedir.
Deus, Senhor de tudo e de nós, eu já ouço a Tua voz que vem com a brisa do mar, em cada pingo de chuva, no canto do passarinho, afinal sempre escutei, mas fingia não escutar. Perdoa-me Senhor, depois de tanto fingir, de enganar e mentir, agora peço perdão, pois, Pai é só o que sei fazer... Pedir. 

sexta-feira, 8 de março de 2013




Acreditar e Sorrir.
J.  Norinaldo 



Enquanto acreditar que vale a pena, serei escravo da pena e da insônia, do papel que amassado jamais volta, da revolta que consome o meu sorriso, preciso diferenciá-lo do guizo de uma cobra, ao saber que a flor que nasce no lixo é uma obra, que jamais se fez a mão e que o poeta mesmo velho e resmungão tem no coração amor de sobra. Enquanto acreditar que a noite é minha e que a solidão caminha só, vou derramando sem sofismas  no papel, o que a alma dita sem  segredo, até o dia de voltar sem medo ao pó; deixando no caminho meus rabiscos, como a abelha que corre todos os riscos para produzir o doce mel, e ai a solidão me deixa só, já não sorverei a ingratidão, servida em uma taça de fel. Enquanto acreditar que a vida é bela e que na tela só existem flores mortas, enquanto acreditar em um Poeta, que escreve certo mesmo pelas linhas tortas, serei feliz em ser escravo das palavras do coração da velha pena e da tinta, na certeza que a tal tela da vida... Acreditando  a gente mesmo é quem pinta.

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És a Venus com as mãos.
J. Norinaldo


O teu olhar me dar a mais pura certeza, que se te perguntam que falta te fazem os seios dirias: “A minha maior tristeza é não poder amamentar;”  somente uma deusa não priorizaria a beleza tão em moda, aquela que roda o mundo, a tristeza dessa  fala, é na verdade o sentimento mais profundo, que Deus outorgou a este ser humano sem igual; o Amor de mãe, amor  verdadeiro, amor incondicional.

quinta-feira, 7 de março de 2013




Nunca havia sonhado com Jesus Cristo, isto sempre me chamou muito a atenção, sonhei agora pela primeira vez, era um homem normal, usava umas calças sociais em tom marrom e uma camisa que me pareceu de seda amarela, com certeza notei certo jeito estranho de se mover, como se mancasse, ou melhor, um movimento que certas pessoas fazem após sofrerem derrame cerebral. Não era perfeito aos meus olhos, escrevi  “O Arquétipo”, tomara que não seja soberba da minha parte, ou  tenha entendido tudo errado, caso seja, peço perdão por não ter entendido Seu recado, se é que o sonho também não foi  também por mim criado. Sei lá...


O Arquétipo.
J. Norinaldo.


Se o escopo escapou da mão de Deus, num movimento natural não por engano e o meu arquétipo não saiu ao teu igual, não quer dizer que também não sou humano, um arquiteto desenhar uma cidade, com prédios iguais seria insano. Insultar-me seria criticar o Pai, cujos filhos algum imperfeito sai, mesmo tentando explicar talvez em vão, que fomos nós que criamos a perfeição, para Deus a sua obra é perfeita, imperfeito é aquele que não a aceita. Interessante  que o mundo não aprende, só no final da caminhada se arrepende, ao descobrir por que cada um tem sua voz, e que podem até haver caminhos diferentes, uns mais frescos outros mais quentes um caminho mais largo o outro estreito, mas o destino no final, você já nasce sabendo que está feito; para mim e para você será um só, Numa cova rasa ou num  Taj Mahal, todos retornaremos ao pó... A um pó perfeitamente igual.





O Senhor do Pão e do Vinho.
J. Norinaldo.



Quando o pão é servido e não sacia, o vinho é doce e traz mais sede, o fogo de Deus é posto á mesa, a  vela que foi vida e é acesa, projetando rudes sombras na parede. O cordeiro temperado vai ao fogo depois que do mundo tirou o pecado, o cálice de vinho para a sede, enquanto alguém crucificado oscila em mais um prego na parede. E o fogo da paixão e do prazer, usando  tridentes por   castiçais, clareia o painel da fantasia nos salões das orgias e  bacanais. E nas mãos calejadas serviçais, das almas que cuidam dos trigais  preparam o trigo para o pão e amassam a uva para o vinho, se alimentam dos ossos do cordeiro, já sem o gosto do tempero e tem a água da chuva para a sede, e também penduram o crucificado, num prego quando tem uma parede. Somente quando não há mais serventia para o pão e o rosário já não é mais o do vinho, as vozes que celebram uma oração, não importa se contrita ou por dizer, em homenagem ao corpo sobre a mesa, quando a vela que foi vida é acesa no castiçal de ouro do deus  ego, projetando as tristes sombras na parede, onde oscila mais uma vez o crucificado pendurado em um prego.
Novamente o pão é servido um a um, exceto a quem está deitado sobre mesa em jejum,  para sempre também não terá sede, quando já não adianta mais se lembrar do cordeiro que os pecados desse mundo tirou, e agora jaz em mais um prego na parede.





Eu, a Pedra e o Caminho.
J. Norinaldo.


A pedra que havia em meu caminho, alguém retirou sem eu notar, não sei no que me facilitou, mas  me fez refletir que eu tenho um caminho pra seguir, e agora sem pedra a desviar, isto no caso de voltar. Interessante que não fiz nenhum caminho, então por que este caminho é meu, será que não tenho só o rumo e na verdade este caminho é seu, ou os caminhos não têm donos, por que são feitos pelos meus passos e os seus? Será que chamamos de caminho, o que na verdade é o destino e a distancia a percorrer é a mesma para os velhos e os meninos, o mesmo que começa engatinhando e termina com passos pequeninos. E a pedra agora fora do caminho será que também tem um destino além da muralha do castelo, ou para que se coce o elefante, a pedra que estava em meu caminho, decerto não era um diamante, pedras são pedras nada mais, pedras de amolar ou do moinho, ou como já dizia o poeta: existem caminhos calçados de pedras ou Havia uma pedra no caminho.
Será que todos pensam em fim, ou somente eu estou pensando assim,  desde de que deixei de engatinhar, nunca mais parei de caminhar, mas sei que um dia hei de parar e sei que não pararei sozinho e ai, saberei que nada era meu neste mundinho, nem mesmo a pedra ou o caminho.




A Dívida Final.
J. Norinaldo.


Quando cessam os murmúrios dos fantasmas, e os miasmas formam fontes pelo chão, como estigmas de ferrugem nas espadas, como escadas que levam sempre ao porão; no hálito do vento moribundo que o mundo produz pelos vulcões, nos mares de lama que avançam e se lançam sobre as multidões, daqueles que esqueceram o altruísmo e caminham direto ao abismo sem ter mais Deus nos corações. E na volúpia da noite mais escura a loucura se traveste de razão a abóbada do templo já não brilha o esteio mais forte que era a família faz parte da lama do vulcão, o amor de irmão sacia irmão o pastor perde a idéia do bastão e o pilar que sustenta uma nação vira lama e escorre pelo chão. Não há tempo para arrependimento, de nada vale a contrição e nem a lembrança da fartura, somente o sorriso da loucura que nem sabe o que é perdão, talvez sejam os loucos tão felizes por que não entendem quando dizes que a loucura é a perda da razão.

terça-feira, 5 de março de 2013




Cinderela e Cinderela.
J. Norinaldo.


Existe Cinderela e Cinderela Do borralho a passarela da passarela ao borralho, do luxo ao lixo da vida do diamante ao cascalho. A verdadeira é a Cinderela descalça, aquela que não disfarça sua beleza ou altura; a outra esbanja charme e cultura e maquia até a alma sua passarela é a rua, a outra a luz da lua a beira da maré calma. Existe a Cinderela da fábula tão inocente, que encantou tanto a gente e hoje não encanta mais, por que a Cinderela atual é símbolo sexual e mostra tudo que faz; mostra o que a outra escondia afinal no mundo hoje em dia o recato é anomalia. Ainda existe alguém que acredita na Cinderela, naquela cujo sapatinho serviu, mas garanto são tão poucos os inocentes e loucos que dá pra contar nos dedos; para eles não há medos, nem perdição nem segredos onde a razão é um insulto, são como o diamante bruto ainda não lapidado, como a alma sem pecado, como a vida sem seu vel., como o tecido da tela almejado pela aquarela, porém virgem de pincel. Existe a livre escolha para a moldura da tela assim como existe o sol e a lua entre o diamante e o cascalho  entre a soberba e o amor  como num jogo de baralho,nem sempre... Ganha o melhor jogador.

segunda-feira, 4 de março de 2013




Confissão Tardia.
J. Norinaldo


Fui  contigo até a margem do rio que divide a floresta dos segredos, das decisões e dos medos aonde a alma é omissa, onde nenhuma premissa faz da poesia verdade; onde termina o onírico e a beleza do lírico acena a felicidade. Paro, e aqui fico, não sacrifico o que resta do meu amor verdadeiro, vais e te entrega ao acaso, não temas o rio é raso e sua água transparente, talvez para mostrar a gente que assim dever ser a alma. Te acalma e se queres vai em frente, eu não estarei por perto e se por acaso não der certo, não voltes podes pegar uma enchente. O rio que divide a floresta dos segredos, das decisões e dos medos costuma ser cruel com quem se engana.; Não estarei mais aqui, não me grita, não me chama pois poderás ser ouvida por quem acreditas que te ama, que poderá tentar justificar aquilo que fez contigo  te acusando de um dia ter feito amor comigo, quando a verdade é bem outra, fui apenas teu amigo.
Olha! Não penses, que me foi fácil ler a tua poesia, papel manchado da lágrima que da tua linda face caía, enquanto te oferecias como uma flor que se abre e no meu peito o frio sabre da tristeza me feria. Perdoa-me, mas não posso atravessar este rio e prolongar meu dilema, toma fiz pra ti este poema, abre-o quando já estiveres bem longe daqui, mas não fiques triste e nem chores, deixes guardada uma lágrima, para quando eu já não mais existir. Sabe! Jamais vou me perdoar se esta minha confissão vier te fazer sorrir, este seria para mim um erro imperdoável e faria com que eu me sentisse ainda mais miserável.
Por favor não me acuses por covardia, sou apenas um louco bardo, e talvez do outro lado, valor nenhum tenha a minha poesia e o meu pranto todo planeta ouviria.

domingo, 3 de março de 2013




Só os loucos me chamam de Poeta.
J. Norinaldo.

A parte mais sadia do meu ser é a loucura, como não poderia deixar de ser, é tão sublime ser louco, sabendo que de loucura jamais eu vou morrer. Quem pode me chamar de louco com a certeza de louco não ser? Muitos poucos sabem que são loucos, outros sabem, mas não querem ser. Os loucos como eu e não sei mais quem, nem me interessa a loucura de ninguém, se você é louco, olha, eu pouco estou ligando.  Sabe qual a grande vantagem de ser louco? Espera um pouco por que eu também não sei, aliás, diga você seu idiota, já que fui eu que perguntei. Espera te chamei de idiota? Posso trocar por imbecil? O que? Você prefere pateta? Tudo bem, mas tem um preço, sei que não mereço, mas quero que me chame de poeta. Não profeta imbecil! Ah! Tudo bem seu idiota, ou seu pateta. Não esquenta louco é assim mesmo uma hora a gente acerta.

sexta-feira, 1 de março de 2013



Amor Solitário
J. Norinaldo.


Mesmo com as nuvens negras e o verde da mata  escurecido, teu cabelo em desalinho e a lama em teu vestido, a falta de maquiagem em ti e nesta paisagem são de uma beleza tal, tudo assim ao natural que me deixa embevecido. Como um poeta atrevido sonho com o sol ou a lua, assim como ver-te nua enquanto lavas o vestido, quiçá eu lá escondido no verde escuro da mata, enquanto a lua de prata te banha o corpo desnudo, e eu feliz vendo tudo quando a razão se faz bobagem, diante de tal paisagem qualquer um vira menino e ouve o bater do sino, longe em algum campanário e o amor solitário se torna um ato divino. Tua beleza menina que este vestido esconde, não foge ao meu pensamento que vai eu não sei aonde; para ver-te como quero uso a imaginação, e usando a mesma mão que uso pra me benzer, sabes o que quero dizer, faço o amor sem perdão. E me atire a primeira pedra, aquele que nunca fez isso com a mão.