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terça-feira, 22 de maio de 2012




A Esmola.
J. Norinaldo.


Já não tenho mais esmolas a pedir, e a camisa que me dás não é meu número, bem menor que a etiqueta que ostenta, que não combina com os sapatos já sem cor. Se notas  o esmalte em minhas unhas, é que ainda ontem nunca precisei pedir,  por isto vejo que  a camisa que me doas é pequena, ainda mantenho a capacidade de medir. Não é soberba recusar o teu presente, mas atrás vem gente e nela talvez  caberá, a que tenho mesmo rota e sem botões, ainda me abriga por invernos e verões, e quem vem atrás, quem sabe nem uma rota terá. Deus te pague mesmo assim pela esmola, me consola que a bondade ainda existe, mas que o manto que o rei mandou queimar, não ameniza mais o frio de ninguém, que foi indigno de usar mesmo que em trapo, um farrapo que já aqueceu alguém. Não importa a pintura e sim o templo, como o exemplo da camisa que me doas, o manto não é nada sem pessoas, a vida não se aprende na escola;  não combinam as minhas unhas com esmalte, com as mãos estendidas a esmola.


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