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segunda-feira, 24 de setembro de 2018



Apagar a Vida. 
J. Nori




É muito simples se desligar a Vida, sem que a vida seja apagada, caminhar cem anos à frente, sem lembrar, no entanto nada do presente, tendo o futuro como o passado. Cadê aquele meu amigo jovem, que na juventude foi um homem forte agora o vejo como se a morte simplesmente tivesse o desprezado. Então para que precisamos de orgulho, de uma montanha de vaidade, se de repente entramos num túnel, e a luz do fundo é a infelicidade, o esquecimento e a condenação, a não fazer mais nenhum movimento. A primavera continua linda, a poucos passos da sua janela, as flores colorindo o mundo, mas ele nem se lembra mais dela. No alto da montanha da vaidade, o Condor passa, mas não pousa nela, assim como o beija flor, que perde o rumo e entra por sua janela, pode até ser visto mas não reconhecido, suas belas cores terão desaparecido como as forças daquele homem forte , que a morte talvez tenha esquecido. Despojemo-nos de todo orgulho, nos abracemos por quaisquer motivos, não somente por sermos amigos, mas simplesmente por estarmos vivos. É tão simples desligar a Vida, é bem mais fácil que apagar a luz, estamos esquecendo-se de alguém humilde que aqui esteve carregando uma pesada Cruz, hoje muitos tentam pagar com dinheiro, o que a humanidade já fez com Jesus; a Primavera continuará vindo, e eu não sei quantos estão sentindo, o perfume das flores e o seu colorido, ou estão desligados numa cova rasa, que chamam de casa, mas estão lhe mentindo. Não espere os braços caírem, e não terem forças para abraçar alguém, pode ser quem seja com braços abertos, abra os seus e abrace também; não esqueça que apagar a vida, é bem mais fácil que apagar a luz, e deixando de abraçar a todos... Pode deixar de abraçar Jesus.