Detesto Melancia
J. Nori
Eu já pensei em desistir ao olhar no mapa e ver o tamanho dos
caminhos, eu já cansei dos espinhos que já retirei dos pés, eu já pensei em
ficar a cada tombo na poeira, ao sentir o cantil leve e a garganta ardendo
feito fogueira; eu já pensei em desistir ao ver miragens de mesas repletas de
iguarias e minhas mochilas vazias sem eu ter o que comer. Agora estou caído, os
meus joelhos se dobraram como se eu fosse orar, pensei que ia chorar que seria
a última vez, mas tomei uma decisão que até me deixou surpreso, vou aliviar o
peso levando apenas o que preciso as pernas para caminhar, os olhos para enxergar
e a boca para um sorriso, Levo as mão para pedir a alguém que me possa dar, um
pedaço de pão em troca de alguma ajuda e que Deus Pai me acuda quando eu mais
não levantar, levantei e prossegui e já na primeira curva, parecendo uma
poesia, o verde esplendoroso de uma plantação de melancia, e mais a frente eu
caia, pois a certa distancia via, alguém e até lá me arrastei, o home veio
correndo e vendo o meu estado abriu uma fruta enorme e me deu água a vontade, e
depois me perguntou, por que o senhor não pegou uma fruta lá atrás? Eu me arrastara
demais e demorei a responder, com muito esforço sorri: O que pensaria o senhor mesmo com bom coração ao ver alguém que não semeou ou cuidou invadir
sua plantação? Eu ainda não parei, continuo no caminho, pois deste ninguém
escapa, agora sem olhar mapa e nem pensar em lonjura, as vez o fim está tão
perto, assim como num deserto, me deparei com tanta doçura. Quando posso ainda
escrevo algo como poesia, pois depois daquele encontro, ante s de pegar a
estrada, eu detestava melancia. Não sei se ainda falta muito e nem estou
desesperado, agora não caio mais, e sei
que tem alguém no meu costado, assim com uma escora um bastão ou um cajado,
Porque aquele bom que me saciou a sede e
minha fome matou seja muito feliz com os seus, antes de continuar ele disse:
Meu amigo, vai Com Deus. Eu Detesto Melancia.
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