Miragem.
J. Norinaldo.
Vou seguir escrevendo no deserto
uma canção para o vento decorar, a melodia deixarei que a solidão se encarregue
de compor, inspirada na paisagem para uma platéia repleta de miragem que o sol
desenha com seu calor. Na partitura de passos na areia, em cada nota um
fantasma sem idéia, da beleza dos desenhos da platéia, como um falsete da
canção que canta o vento. A solidão se pudesse apagaria, não só a letra da
canção que a espanta, mas também a miragem que encanta, mesmo sem nunca chegar
perto, daquele que se perde no deserto e ouve a canção que o vento canta. Vou
seguir escrevendo na areia enquanto o arco íris se levanta como a tiara da
sereia, que no deserto de água também canta, a canção que tanto encanta o vento
que na onda bordada serpenteia. Vou seguir rabiscando no deserto, longe ou
perto aonde existir areia, para que o vento venha e cante, se embalando no colo
da maré cheia.
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