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terça-feira, 5 de junho de 2018





Meu Tempo é Agora?
J. Nori.


Sou do tempo das ruas estreitas, das roupas bem feitas cosidas a mão, onde a torre mais alta era da Catedral, do homem sisudo ao ler o jornal enquanto alguém lhe engraxava os sapatos para ganhar moedas para comprar o pão. Sou do tempo das damas floridas, de vestes coloridas arrastando no chão, sou do tempo em que não se saia de casa sem dos pais pedir a Bênção. Sera que meu tempo é agora? Como afirmou certa vez o Poeta Mário Lago seria verdade? Logo ele que compôs e cantou Amélia aquela  que era Mulher de verdade? Nós Poetas as vezes nos contradizemos, principalmente quem poeta com rima, muitas vezes as palavras não cabem como algumas flores não se ajustam ao clima; mesmo assim vão surgindo os versos e no fim temos uma obra prima. Sou do tempo em que na sala não havia sofá, e isto é claro foi um grande avanço, lá estava a cadeira de balanço do patrono que mandava no lar. Sou do tempo que a casa era um Lar, por mais pobre que fosse a mobília, era o reino sagrado da família que ninguém ousava violar; sou do tempo de brincar no terreiro, enquanto os mais velhos proseavam no oitão; sou do tempo das ruas estreitas, das roupas mal feitas costuradas a mão. Sou do tempo que andar remendado, porém limpo não era coisa feia, ainda lembro da minha avozinha, a beira do fogo remendando meia. Hoje são largas as ruas, as moças se rasgam andam quase nuas, já não existe mais engraxate e na sala as poltronas e a Televisão, diferente daquele meu tempo... Hoje a virtude é que se arrasta pelo chão e não os vestidos cosidos a mão.

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