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terça-feira, 6 de dezembro de 2011



Sem Meias Palavras.

J. Norinaldo.

Eu sou um poeta rude como a taipa do açude que corta o riacho ao meio, não sou muito de floreio gosto de sinceridade. Se é pra falar de amor com o peito explodindo em dor, aludindo o amor alheio, se sofro digo a verdade. Falo também nas feridas, nas mágoas não esquecidas dos beijos que nunca dei; das flores que ofertei e depois encontrei no chão. Daquele não sem sentido, falo de amor bandido que machuca o coração. Falo de um mundo cinzento, sem arco íris nem flores, falsidade, traição como um trem fora dos trilhos; do desamor pelos filhos e vice versa é claro. E neste item reparo a extinção da família, como um móvel da mobília que há muito caiu de moda, depois que inventaram a roda pra fumar e pra cheirar. Odeio a hipocrisia e se a minha poesia não está na estrada certa, digo com sinceridade, prefiro não ser poeta, ser simplesmente um pateta... Mas, que defende a verdade.


Eu e Você.

J. Nornaldo.

É tão bom ter: Um sorriso carinhoso, o mormaço de um abraço e aquele olhar dengoso, ter o teu corpo coberto, às vezes nu a céu aberto no amasso mais gostoso. A saudade por minutos, na fumaça dos charutos que a tensão leva a fumar. É tão bom saber: que mesmo longe estás tão perto, e ter o coração aberto pra quando você chegar. É tão lindo: receber os teus poemas, mesmo que por vezes os temas não tenha nada a ver, É tão fascinante: Ver o jardim que plantamos dando rosas coloridas que parecem eu e você. Lembra daquela velha roseira, aquela enorme touceira que nos amamos a sua sombra? Morreu talvez de paixão, no tronco esculpi a mão, um belíssimo coração e escrevi: Eu e Você.

Volta, já faz mais de uma hora, para mim muita demora, para quem tem a certeza de que é muito bom ter, um sonho assim tão lindo, mesmo não estando dormindo; volta! É Muito bom ter você. Volta e não te esquece do sorriso, te espero no paraíso feito para Eu e Você.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011



Ter ou não Ter o Alpendre.

J. Norinaldo.

Caminhar pelos aceiros onde o rodado não passa, levando a mão ao chapéu para a caleche do rei, catando a fruta madura que o maribondo não quer. Sentindo o barro no pé e a brisa nos buracos do casaco bem maior. Juntando cacos de sonhos, pedras de pouco valor, para a alicerçar a sombra de um alpendre de sonho, sem um local definido e sem saber o tamanho. Seguir pelo chão marcado pela caleche do rei, até chegar ao desvio onde não posso entrar, levando a mão ao chapéu para cada rei que passa, e a sombra do meu alpendre por enquanto é só fumaça, que com o vento se esgaça e no tempo desaparece, e até meu alicerce é como o meu casaco que não posso remendar. Por enquanto o aceiro que tenho pra caminha, a brisa pra respirar e o belo azul do céu, um casaco esburacado e como alpendre o meu chapéu.

domingo, 4 de dezembro de 2011


A Mulher.

J. Norinaldo.


A palavra é o barro do poeta,

Que com as mãos molda a mais bela flor,

Que colore com as cores do ocaso,

Que ornamentam o mais vistoso vaso...

A mulher bela deusa do amor.


Como uma tarde sutil de primavera,

Como o canto gentil do pintassilgo,

Como os rastros de cisnes sobre um lago;

Terá sempre em meu coração um postigo...

Para a deusa mulher do meu afago.


A mais bela rosa do jardim celeste,

Cuja semente em nosso jardim germinou,

O mesmo pássaro que a trouxe nos ensina,

Que só na terra do amor ela germina...

E nela não se bate, nem com outra flor.


Só mesmo um insano empedernido,

Sem amor, sem sentimento e sem fé,

Ou quiçá um parido por acaso;

É capaz de atirar pedra no mais belo vaso...

Moldado pelo próprio, Deus que é a mulher.


O Dom da Beleza.

J. Norinaldo.


Dizer que não queria ser como sou,

Pode crer não é soberba ou ingratidão,

E para o Senhor jamais poderei mentir,

Ninguém sofreu assim como eu sofri,

Simplesmente por que não nasci...

Com toda a beleza de um pavão.


Não é justo ser motivo de chacota,

Pagar por um crime que nunca cometi,

Ser o motivo da mais bizarra risada,

Ser sabedor de que também nunca sorri;

Se não cheguei a vida com a cara pintada,

Então Senhor me diga: Para que nasci?


Se somos todos filhos de um mesmo pai,

E nem os dedos das mãos nasceram iguais,

Somente as flores nos jardins são diferentes,

E existem algumas que perfumam muito mais;

E até diferem na maneira que ornamentam,

Umas enfeitam a vida... E outras os funerais.


Criticar com desdém as diferenças,

No projeto do arquiteto mais perfeito,

Epitetando diferenças tão normais;

Tendo como única certeza nesta vida,

Que no exato momento da partida...

Todos seremos, tão exatamente iguais.



Adeus Sócrates.

J. Norinaldo.


Sócrates levou hoje um calcanhar da vida,

Sua jogada preferida que tantos nos encantou,

A solidão não driblou, e hoje é sua despedida,

Tentou mas não conseguiu aquele último gol...

Não pode correr para o abraço da derradeira partida.


Quem sabe um árbitro mais severo,

Sincero como o reflexo de um espelho,

Que atua acima das quatro linhas;

Quem realmente manobra o timão,

Lhe deu, o ultimo cartão vermelho.


Adeus Sócrates e tua taça de cicuta,

Hoje tua nação escuta um choro bem diferente,

O timão pode até ganhar o brasileirão;

Mas perdeu um Corintiano que deu alegria a gente,

Vai com Deus, leva contigo a Faixa de Campeão.


A morte é traiçoeira não se avisa: olha o ladrão!

Pega a bola com a mão mesmo não sendo goleiro,

Tentastes a democracia, doutor do belo comício,

Mas não convencestes o vício, o verdadeiro atoleiro,

E o teu último grito se ouviu no precipício.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011



O Decote da Deusa.
J. Norinaldo

Se o decote da deusa cativa o olhar,
Motiva o sonhar que a mente extasia,
Pecado seria fingir que não vejo,
O louco desejo que assoma meu ser,
Ao ver os teus seios uma obra dos céus...
Cobertos por véus sedentos de beijo.

Na alvura do colo ó musa divina,
Uma rosa púrpura com lábios de mel,
No busto perfeito o desenho do mestre,
Que usa a aquarela do seu coração,
E a alma na mão segurando o pincel...
Na eterna busca pela perfeição.

Dizem que morro quando estou a dormir,
E dormindo é que sonho aspiro e anseio,
Será que sou parte de um sonho de alguém,
Que sonha também tocar o teu seio;
Redondo e tão alvo como a lua no céu...
Teu corpo sem véu é um convite a pecar

Desconheço o castigo ao pecado que ouso,
Quando pouso o olhar no teu colo redondo,
Através do decote que meus sonhos invade,
Não recuo mesmo se é crime hediondo,
De viver sonhando com os seios divinos,
Cobiçando um dia beijar, essas torres de jade.