Aflição.
J. Norinaldo.
Soluços que ouço em
noites de insônia,
Quebrando o silencio
que a vida me impõe,
Não mudam a paisagem
parada do teto,
As uvas secaram e o jardim fenece,
Os soluços são meus
por falta de afeto.
Na escuridão de um
quarto aflito,
Segurando o grito que
o peito aloja,
A boca da forja
bafejando quente,
A vida lá fora
dançando com a brisa,
Aqui dentro os
soluços da noite indolente.
Até que em fim a
noite longa se vai,
E os pássaros cantam
com tanta alegria,
Até parece castigo,
pois ai chega o sono,
Como morto abandono a
beleza do dia...
Sonhando em ter mais
uma noite vazia.
E a angústia se junta
a medonha aflição,
Como moscas que
rondam uma ferida aberta,
A convite da insônia
e do louco silencio,
Quebrado por gritos
na noite deserta;
Como fantasmas
desfeitos n’algum pesadelo
Que a mão do horror
com capricho conserta.
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