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terça-feira, 10 de janeiro de 2012






Pela Estrada.
J. Norinaldo.


Já curei tantas feridas e confortei moribundos,
Já levantei nas estradas desesperados caídos,
Já fiquei  de joelhos justificando um pecado,
Já menti diante da cruz pra não ser crucificado.
Já reneguei minha fé ante juizes temidos...
Já sofri já fiz sofrer já amei e fui amado.

Pelas feridas curadas jamais fui recompensado,
Os moribundos se foram sem me deixar uma flor,
Quem me ouviu em confissão pecava mais do que eu,
Minha mentira na cruz ninguém jamais descobriu.
Os juizes foram presos por renegarem o Senhor,
A minha fé se perdeu quando perdi teu amor.

Ainda estou na estrada os pés feridos de espinhos,
Encontro outros sozinhos, mas que têm chagas demais,
Ninguém pra me levantar quando os joelhos se dobram,
Nenhuma cruz a cobrar meu sentimento de fé;
Nem mesmo a quem confessar tudo que ficou pra trás,
Peguei o caminho errado e voltar já não posso mais.

Deixo marcas no caminho para que não seja seguido,
Por não conhecer a estrada e nem o que há no final,
Só minha sombra me segue sem deixar rastro profundo,
Despetalando uma flor que sempre acaba no mal;
Curando as próprias feridas do agora eu moribundo...
Um vagabundo sem fé, no corredor terminal.


1 comentário:

leda medina disse...

Parabéns pelo lindo poema!!!