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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



Devaneios
J. Norinaldo.


Em meus devaneios sonhando acordado,
Sozinho num deserto com rios e mares,
Com torres e templos e centenas de lares,
Milhões de pessoas a me sufocar.
Que sinto tão perto ao alcance da mão,
Distantes, no entanto do meu coração.

Não sinto o cansaço ou o sol abrasante,
Não vejo miragens de um oásis distante,
Minha sede é na alma e no meu coração,
Num deserto de sombra sem sol ou areia,
Onde sobra conforto, porém falta razão.
Na violência e discórdia que o homem semeia.

Nas dunas das esquinas prostituem-se meninas
Para quem a vida negou-se estender a mão,
Antes mesmo de dar-lhes uma chance mais justa.
São as mariposas mirins da vida noturna,
Que deviam ter medo da noite e da escuridão.
Nefasto poema que a vida dedica a quem lama degusta.

Velhas precoces que morrem amiúde,
Em cada atitude que vida lhes impõe.
Um futuro que aponta sempre a sarjeta,
A parede de barro num pobre ataúde,
Um pequeno pária que o mundo rejeita.
Inocência comprada pelo cobre que ilude.

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