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quinta-feira, 10 de junho de 2010


Bajular.
J. Norinaldo.

Ao turíbulo que bajula o tirano,
Sobram as cinzas do incenso ofertado,
E o vento livre leve e soberano,
Leva o perfume muito além do bajulado;
Quem adula um senhor por seu castelo...
Não vale as cinzas de um incenso queimado.

A compaixão dói muito mais que o desprezo,
Pobre daquele que atrai a compaixão para si,
Viverá para sempre se curvando,
Seus caminhos não passarão de picadas;
Ninguém jamais seguirá suas pegadas,
E confesso compadeço-me de ti.

Conhecerá a felicidade noutros,
Teoria que jamais confirmará,
Acredita ser feliz com o que faz,
E a fumaça do incenso lhe desvia,
Pouco adianta dizer que não sabia...
Quando em fim já será tarde demais.

Quem bajula esquece a si mesmo,
Vive a esmo somente pra bajular,
Mas a vida não bajula quem adula,
Quando os sinos tangerem seu louvor,
Foi-se apenas mais um sabujador...
Sem turíbulo, sem incenso, sem amor.





1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

Bajular não é necessário, mas a poesia sim, eu fico com a sua poesia. Agora eu acertei. Abraços J. Norinaldo.