Poker de Cinco Damas.
J. Norinaldo
As cartas são dadas o jogo encerrado,
A mesa se forra com uma fortuna.
Ao ver minhas cartas a grande surpresa,
Quatro damas parecem sorrir para mim,
Como a dizer para que tantas blasfêmias?
Estão aqui quatro fêmeas para te socorrer.
Uma a uma as cartas despencam no pano,
Mãos empurram pra mim a grande bolada,
Que guardo nos bolsos sem nenhuma emoção.
Sinto a brisa a porta, olho o céu vejo a lua,
Amantes aos beijos a beleza da rua, a vida no cio,
Sigo silente, o caminho de sempre um quarto vazio.
Até que me lembro do amor comprado,
Medido, pesado para pronta entrega,
Que o vento carrega depois de usado,
Pego o telefone e faço um pedido,
Logo atendido com beleza e talento...
Mas uma dama do jogo da vida.
E me chega a beleza montado num atelier,
Que dá gosto de ver, mas tem gosto de nada,
E que pago o justo pela falsa chama,
E as marcas de suor que ficam nos lençóis,
Me lembram uma vala repleta de lama,
Declamo Bukowski e durmo na sala com nojo da cama.
1 comentário:
Eita Poker de Cinco Damas - A vida como ela é, cheia de ilusão, fantasia, sonho... mas é real. Senti nos seus versos o talento e a vivência feitos em letras. Estou emocionado com a sua poesia Norinaldo. Continue nos brindando.
Enviar um comentário