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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009



Clausura
J. Norinaldo


Enclausurado em minha concha de pedra
A vida passa como um rio sobre mim.
Essa fuga, esse medo de ser e de querer,
Cada vez torna mais firme meu casulo,
Mais efêmera a esperança que postulo,
Para abri-la para a vida, enfim viver.

Lúcido da minha total incompetência,
A inocência de um feto ainda no útero.
Escondido da vida e de mim mesmo,
Busco o refúgio covarde do escuro,
Sem passado, sem presente sem futuro,
Vendo a vida e rio seguir a esmo.

Sem almejar sonhos felizes dos valentes,
Sei que minha covardia tem um preço.
Que o grito represado na garganta,
Liberado representaria um recomeço,
Mas me falta à coragem pra solta-lo...
Talvez o fim esteja na ilusão do começo.

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