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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009



Eu Corria.
J. Norinaldo.

Eu corria, corria sem desespero, mas corria. Não só eu corria, mas uma multidão corria a minha frente; dos lados, gente, muita gente! Eu nunca vi tanta gente correndo, nunca senti tanta alegria, e felicidade em correr. Não sentia cansaço, e continuava a correr.
Não era uma estrada; corria dentro de um trigal, mas não era trigo comum. Os cachos eram de ouro, puro ouro!
As pessoas que também corriam tinham as vestes brancas imaculadas; a poeira não atingia suas vestes.
Seguia-nos bigas, conduzidas cada uma por quarenta e dois cavalos brancos, com arreios de ouro e prata. O trigal se abria a nossa passagem. Eu temia olhar para trás, e depois não ver mais o que via a minha frente. Só corria, e corria. A cada passo sentia que minhas forças eram renovadas e continuava correndo. Milhares de bigas puxadas pelos cavalos brancos também corriam ao meu lado, e por todo lado.
Uma música suave e bela como nunca ouvi antes pairava no ar. Aquela música parecia ser o nosso combustível.
Pelo barulho na retaguarda, eu sabia que milhões de pessoas também corriam, e aquele trigal que parecia não ter fim... Eu não sabia por que corria, não tinha tempo para pensar, eu só queria correr, e como me sentia bem com isto. E a corrida prosseguia ninguém se cansava; a minha frente muitas bigas, e eu sabia que atrás vinham muitas outras. A música continuava tão melodiosa a entrar em meus ouvidos, a me impulsionar para frente, eu parecia flutuar.
De repente, vi à frente das primeiras bigas, um jovem loiro que conduzia uma tocha. Dessa saía uma chama azulada, de um azul tão belo como nunca vi antes. Aquele jovem corria comandando o exército de bigas. Parecia voar, seus loiros e encaracolados cabelos tinham a cor do trigo.
Eu só corria, como todos ali. Que alegria em correr!
De repente, começaram a surgir outros jovens como que por encanto. Todos com tochas nas mãos do mesmo azul.
Um perfume sutil emanava de todos os cantos.
Chegamos a um palácio muito bonito. As bigas faziam manobras artísticas e, em segundos se posicionavam formando um corredor. E, mesmo sendo milhões, todos ficavam numa posição de onde era possível ver o longo corredor formado. De frente, umas para as outras, o grande exército posicionado em sinal de grande respeito.
A multidão, enfim, parou de correr.
Então eu tive a maior emoção da minha vida. Vi uma carruagem conduzida por cavalos de todas as cores, guiados por um anjo. E, no centro, CHICO XAVIER. Eu assistia a chegada dele ao céu.
“Senti uma imensa vontade de escrever este texto ao ouvir uma música italiana”. E simplesmente escrevi.

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