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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009



Eu Fantasma na Chuva.
J. Norinaldo.

A rua, a madrugada, a chuva fria. Caminho até frente daquela casa, aquela casa tão minha conhecida, por fora. Rodeada de altos muros, portões de ferro já gastos pelo tempo, centenárias arvores que dão sombras no verão. O jardim tão bem cuidado, mas minha atenção se volta mesmo para o segundo piso, no lado esquerdo, aquela janela, agora cerrada, luzes apagadas, ali sei que repousas, e sonhas. Como seria eu feliz sabendo fazer parte desse sonho, não importando o papel nele desempenhado, desde que dele fizesse parte, e ao acordar lembrar-te de mim.
A chuva fria continua, continuo ali parado olhar fixo naquela janela, sequer sinto o frio que me gela até a alma, Abro os braços e olho o céu cinzento, como se ali estivesse a resposta que tanto busco. Quando de repente vejo que nasce o dia, e como um vampiro, um espectro que me assusta, não posso ser visto ali, vestido daquela maneira, faminto e com frio. Com passos trôpegos sigo aquela rua também tão minha conhecida, não que vá dá em algum lugar, onde possa tirar uma chave, abrir a porta e entrar, procurar me aquecer, fugir daquele frio que me faz doer os ossos. Não, Apenas por que faço esse itinerário há muito tempo, sempre nas madrugadas, apenas a chuva não é minha constante companheira.
A chuva, o frio e nem a dor já não me assustam, interessante, somente algo me apavora: que de repente aquela janela se abra e me vejas.

1 comentário:

Anónimo disse...

neste texto vc diverge do seu jeito habitual de escrever, não sendo poesia, é prosa poética e da mais bela que já vi.
sabe, "meu" poeta...eu por vezes sinto-me esse "fantasma na chuva"...olhando à distancia com medo que a "janela" se abra e que eu seja vista.
estou ali apenas para me certificar de que tudo está bem.
este texto de prosa poética além de ser lindo, foge ao seu habitual esquema de rima e consegue ser sempre belo.
jamais desista.