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domingo, 27 de março de 2011


Antigamente. J. Norinaldo.


De vez em quando enquanto a vida volta a fita, Meu olhar fita um passado tão distante, Vejo o pão que era feito antigamente, Vejo a família rezar contrita á mesa, Será que o trigo hoje brota diferente, Ou no quadro antigo não existia beleza? Ouço e decoro a canção do sabiá, Pra comparar com a que ouço atualmente, Fecho os olhos e sinto o sabor do antigo pão, E sinto um cão lamber-me a mão docemente; Hoje a família já não reza mais unida, Talvez a vida não precise de oração. De repente volto a realidade, Um sabiá está cantando em meu quintal, Minha filha almoça em frente a televisão, Sento sozinho o mesa de antigamente; O cantar do sabiá não mudou, está igual, Mas, eu também me esqueci da oração. Hoje falar do passado é saudosismo, De romantismo passa a ser uma heresia, Ainda bem que restaram alguns loucos, Que ainda teimam em escrever poesia, E não morreu de vez a sensibilidade... Dos que gostam, mas são poucos, muito poucos.

2 comentários:

Glória disse...

Lindo texto!

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

..."ou no quadro antigo não existia beleza?". Existia sim, claro que existia beleza, a mesma beleza de hoje, os olhos é que são outros(estrábicos talvez!). Continue nessa sua loucura que é escrever poesia. Abraço amigo.