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quarta-feira, 16 de março de 2011


Queixas.
J. Norinaldo.

Dos queixumes da alma tiro versos,
Que inversos se tornam poesia,
Das dores faço flores coloridas,
Das feridas retalhos de fantasia;
Das trevas que permeiam meu caminho...
Tapumes que bloqueiam a nostalgia.

Em cada poema que escrevo,
Transcrevo o inverso do que sinto,
Escondo sob flores minhas chagas,
Abafo no peito as minhas pragas,
Em nome do amor por vezes minto;
Para fazer alguém feliz quando não sou.

Se alguém for feliz com meu poema,
Meu dilema é descobrir por que não sou,
Se este alguém descobre a realidade,
Que meu poema nunca falou a verdade;
Que quem escreve nunca soube o que é amor,
E que na vida só serviu para amizade.

Se escrevo a dor que sinto tão constante,
Como o mar na procela sempre em fúria,
Refletindo um céu escuro sem estrelas;
Um deserto com miragens de lamuria,
Como um templo sem janelas ou vitrais...
Meu poema versará, sobre o não ou o jamais.

1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

Tô sempre de olho. Bela poesia, o difícil é pensar que ela precisa aflorar dos queixumes, queixumes da alma. Abraço amigo.