Translate

quarta-feira, 1 de julho de 2015




A felicidade fugiu  dos  meus primeiros Sapatos.
J. Norinaldo



Feliz criança correndo de pé no chão, olhando o céu encantado como um balão, uma vez por ano na noite de São João, lá bem longe numa vila do Sertão. Faz tanto tempo  que até não lembro mais o tempo que faz que vejo outros balões, mais coloridos, mais ricos tão enfeitados, colorindo, enfeitando  outros céu tão distantes, quantas vezes estive bem mais alto que os balões, vendo voar condores, águias e falcões, sobre montanhas onde o gelo era a floresta, e os altos picos frestas por onde as nuvens brincavam, mas nunca esqueci minha vila e seus balões. Tão orgulhoso mesmo com os pés no chão, quando ouvia alguém dizer este ai, dizia alto duvido, pois foi feito por meu pai. Ainda não sei por que não fiquei naquele tempo, onde uma chuva era motivo de tana alegria de verdade, em cada esquina  estava a felicidade, mas mesmo assim eu sonhava em crescer. Cresci e cresceu junto comigo a amargura e o infortúnio de fugir da minha Vila, onde descalço eu corria e brincava, até Bel desligar o velho motor Caterpillar. Há pouco tempo estive na avenida mais larga do mundo, um obelisco dez vez mais alto que a mais alta torre que conhecia, estive na maior praça do mundo, vinte vezes maior que a minha Vila, ninguém sabia por que meus olhos marejavam, nem imaginavam que eu sentia saudades do velho motor Caterpillar. Hoje quando vejo um belo balão no céu, lembro-me de Bel que quando o motor coisava, eu quase morria de medo de voltar sozinho para casa. Feliz criança correndo de pé no chão, hoje um velho bem calçado e sem noção, do que é realmente alegria como antes eu corria só para ver um balão. Para onde foi a minha felicidade, será que ficou na cidade que hoje deixou de ser vila, tendo hoje iluminação moderna, às vezes penso que se pudesse voltaria pra caverna de Platão; ou voltaria a correr de pé no chão, até que Bel desligasse o Caterpillar. Que me adianta ser poeta e, no entanto, chorar tanto de saudade do passado; ah! Se pudesse eu voltaria correndo para minha Vila, mas esta também não existe mais, não sei então o que ainda faço aqui, já sem sem sorrir e com medo de olhar para trás.

Sem comentários: