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domingo, 15 de março de 2009



O Chimarrão.
J. Norinaldo

O chimarrão pro gaúcho
Não é vicio e sim um rito.
A cuia de mão em mão
É uma congregação,
No sentido mais bonito.
Em uma roda de amigos,
Sempre num clima de festa,
Já que o gaúcho detesta,
Ter que matear solito.

A prata da minha bomba
com as mãos tirei da terra.
E o ouro são das medalhas
que eu conquistei na guerra.
Por isto que prezo tanto
Por este meu mate amargo,
Como sorvendo o Rio grande
Pela bomba trago a trago.

Minha cuia de porongo
trato como peça fina,
Meu chimarrão é sevado
Como a tradição ensina,
Com uma cochilha verde
E água quente no ponto.
Pra bomba roncar suave
Como sussurro de china.

Conta à história que os Farrapos,
Mesmo em pleno combate,
Sempre se dava um jeitinho
E aparecia um foguinho
Pra água quente do mate.

No mesmo fogo se assava
A costela de um novilho.
Pra se comer na trincheira
A carne escorrendo graxa,
Limpando a mão na bombacha,
Pra o dedo não escapar do gatilho.

Eu já matiei com amigos
A sombra de um parreiral,
Poetas da mais alta estirpe
Que merecem um pedestal.
O Gumercindo Medeiros
Um pajeador bagual,
E uma lenda do Rio Grande
O Jayme Caetano Braun.

1 comentário:

Anónimo disse...

excelente.
cada vez melhor o estilo, a rima e o fundamento.
parabéns