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terça-feira, 23 de junho de 2009



Alucinação.
J. Norinaldo.

Em verdade eu sempre fui escravo,
A vida nunca me alforriou,
Meus medos são as grades da senzala,
Meus complexos o chicote do feitor.
As feridas das correntes invisíveis,
A certeza de ser meu próprio senhor.

Só em sonhos sou feliz e sou liberto,
Mas desperto sempre em grande aflição,
Esta beleza que vem quando estou dormindo,
Está consumindo o meu triste coração.
Tento não dormir pra não mais sofrer,
Tento esquecer, porém é tudo em vão.

Em meus sonhos teu carinho é um castigo,
Que não consigo entender qual a razão,
Acordar de tão lindos devaneios,
Num quarto frio tendo ao lado a solidão.
Serei eu louco por me tornar escravo,
Da mente insana que cria essa alucinação?

Esta noite vi bem de perto teus olhos,
Lábios doces como o mel da jataí,
Teu sorriso o jardim do paraíso,
A beleza do voejar de um colibri.
Contrastando com a sarjeta, minha cama...
Onde embriagado de amor adormeci.

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