O Lobo e a Noite.
J. Norinaldo
Salpicar a noite com pingos de medo,
Criando segredo para a escuridão,
Confiar no lobo que dentre a matilha,
Durante a partilha doa seu quinhão,
Semear o campo ter seu parreiral,
Fabricar seu vinho com a própria mão.
Manter seu rebanho bem perto da fonte,
Não descer do monte por causa do vento,
Não mover as pedras sem haver motivo,
Não viver cativo de um pensamento;
Não colher o fruto se não sentir fome,
Não tirar do pássaro o seu alimento.
Não ser o primeiro a atirar a pedra,
Sem antes fazer uma reflexão,
Não condenar antes de escutar o réu,
Lembrar das palavras daquele sermão;
E que a escuridão é do dia um véu,
Como o peito esconde o nosso coração.
Amar o cordeiro que a mãe não aceita,
Se ela rejeita deve haver razão,
Só a natureza sábia e coerente,
Pode de repente ter a explicação,
Só quem arquitetou a criação do mundo...
Tem nosso destino na palma da mão.
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