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quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Fogo Frio.
J. Norinaldo.


Por periféricos e sombrios becos,
Úmidos leitos de tísicos terminais,
Pisando sobre escarros escarlates,
O zumbido das moscas infernais,
Como um fétido véu de sangues secos,
Sobre vísceras penduradas em varais.

Vejo feras mastigando corações,
Que ainda batem em peitos dilacerados,
Sinto o ódio no olhar dos meus carrascos,
Vou sereno em direção ao cadafalso;
Invejo as moscas no seu banquete de pus...
Olho os meus pés e orgulhoso vejo cascos.

Ah! Bukowski por que fostes morrer?
Quem te deu o direto de fugir?
Desenhavas tão bem o que é sofrer,
E ser feliz simplesmente por saber,
Aceitar esses becos como abrigo,
Que ser feliz é só questão de querer.

Ah! Como é nobre essa minha depressão,
Que me mostra quão pequeno ainda sou,
Como a mosca que voa num corredor vazio,
A donzela dorme sobre um colchão macio,
A espera do seu tísico, seu senhor,
Depressiva assim como um fogo frio.

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