Minha Sombra.
J. Norinaldo.
Caminho cansado com o fardo do tempo,
Só a sombra a seguir-me por todo caminho,
Sem desviar as pedras assim como faço,
Como o laço que une a rosa ao espinho,
As vezes se esconde como o sol numa nuvem,
Mas guarda os segredos que resmungo sozinho.
O caminho é tão longo e o cansaço tão forte,
Meu rumo é o norte que alguém apontou,
O peso do fardo diminui o meu passo,
Meus pensamentos caminham a frente;
Minha sombra calada como um fantasma,
Que segue seu dono mesmo no fracasso.
Minha sombra se veste assim como eu,
Com retalhos que restam da mortalha da vida,
A cada remendo que a agulha coseu...
É uma ferida uma chaga de espinho,
Mas a sombra não sofre a dor é só minha,
E o fardo do tempo carrego sozinho.
Minha sombra não segue depois que eu cair,
Cairá comigo na poeira da estrada,
Até que poeira eu seja pra sempre,
Terei como amiga uma sombra sisuda,
Seguindo-me sempre por todo caminho...
Ou eu fui a sombra que falava sozinho?
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