Na Sacada e na Trincheira.
J. Norinaldo.
Em cada sacada uma bandeira e,
cada coração uma amargura, em cada trincheira a morte rude chega com a voz
rouca do canhão, enquanto noutro ponto a fé ilude e alguém é chamado de
cristão. Para cada fuzil municiado existe um dedo numerado e um olho que mira o
inimigo do qual não saber sequer a idade e não fosse a bestialidade poderia até
ser seu amigo. Em cada bandeira há uma idéia em cada trincheira o sangue
escorre, enquanto cada inimigo morre que bem podia ser o seu amigo. Não importa
a direção que a morte aponta o que interessa é que no final da conta a bandeira
que resta na sacada, a canção que deve ser cantada, as cruzes que devem ser
contadas e as amarguras esquecidas de antemão; enquanto as valquírias vão embora
o tempo consola a mãe que chora a perda do filho ou do irmão.
Em cada sacada uma bandeira, e a
taça do deus da guerra é cheia, enquanto a morte se banqueteia na trincheira
aonde o sangue escorre, enquanto o inimigo morre, a terra morre um pouco
também, enquanto o dedo numerado sabe que um inimigo tem, e usa o fuzil
municiado, para matar sem saber quem.
Em cada sacada uma bandeira, em
cada coração uma amargura, a soma de tudo isto é loucura escrito com o sangue
da trincheira mostrando que tudo está errado, inclusive a idéia da bandeira
pintada pela mão com dedo não numerado.
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