Cuidado com o Espelho.
J. Norinaldo.
Como Narciso soube que era tão belo ao ver-se no lago,
porque se comparou com quem conhecia se viu diferente quem sabe perfeito, não
pensou que o tempo que ali ficou a se admirar, tornou-se mais velho, porém sem
notar. Veio o espelho substituir o lago, porém o estrago do tempo não muda
alguém que a esmo tenta uma ajuda para enganar o tempo, engana a si mesmo. Quem
se delicia diante do espelho com a própria imagem, como se a paisagem fosse à
da montanha, que durante séculos muda para melhor e fica mais bonita, talvez
infinita seja tal primor; morre muitas vezes aquele dos espelhos quando a tal
ajuda já não ajudou, e o pincel do tempo de maneira franca, usa a tinta branca para
seus cabelos, mudando a paisagem onde a maquiagem já não dá mais jeito, e o
Narciso perfeito, imperfeito se tornou, pois acreditou na versão do lago, e o
preço a ser pago por viver o tempo nunca imaginou. Quem desdenha alguém que
foge do espelho apenas por maldade, não entenderá que a felicidade não é só a beleza que o espelho reflete e que o
enganou, a maior beleza o espelho não mostra, só consegue ler o seu exterior;
assim como aquele que tem sempre um espelho a sua frente, até que este que
nunca mente, lhe mostra uma ruga, a beleza em fuga como a luz da vela, como uma
cicatriz, como uma sequela, a primeira morte de quem pensou ser para sempre
bela. A única beleza que não morre nunca
é a da natureza, que não tem espelho que lhes faça afago, e faz parte do tempo
como um martelo que dá a sentença que
bela existência é a do lago em que Narciso
um dia se mirou.
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