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terça-feira, 6 de julho de 2010


Quando.
J. Norinaldo.

Quando o pão é servido e não sacia,
Quando o vinho é doce e traz mais sede,
O fogo de Deus é posto a mesa,
Quando a vela que foi vida é acesa,
Projetando as sombras rudes na parede.

E as moscas se fartarem no banquete,
Defecando em taças de cristais,
As vestais serão velhas meretrizes,
Moribundas dos versos mais boçais...
Das feridas que escondem as cicatrizes.

Quando a tela mais cara é desdenhada,
Quando o maestro esquecer sua batuta,
A vela que foi vida a derreter em castiçais,
A recender a suor e carne crua...
Clareando para os ratos nos quintais.

Quando o vinho não for sangue de ninguém,
E quando o pão já não for mais repartido,
Quando os pobres se cansarem das migalhas,
O dossel do altar já encardido...
As telas raras só servirão de mortalhas.

1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

ESSE É O MOMENTO: "Quando os pobres se cansarem das migalhas,". Há que conquistar a parte inteira com INTELIGÊNCIA, SABEDORIA e FIRMEZA, vamos persistir nessa direção. Quando, até quando? Abraços