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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015



No Último Tanger dos sinos.
J. Norinaldo.



Tangem os sinos novamente, rufam os tambores mais além e o ronco dos motores ensurdece, ouve-se o canhões frios assassinos, só aqueles que não ouvem mais os sinos, e não veem destruídas as Catedrais pela ira do homem numa guerra; são apenas saudade e nada mais, talvez invejados e felizes, pelos infelizes que ainda vivem aqui na terra. Quando os últimos sinos badalarem e cessarem os troares dos canhões, porque já não tenha quem usa-los, o mundo voltará à paz, representada por nós por uma pomba, quiçá atingida por alguma bomba, antes que os sinos não toquem mais. A intolerância humana sem limite, a ganância e a gana por poder, colocou Deus no mercado sem saber, calcular o que é incalculável e assim vem tornando miserável, um mundo que tão belo poderia ser. Tangem os sinos novamente e por quem tangem   não os ouvirá mais, há esperança noutras vidas que talvez existindo poderão ser iguais, os mesmos brasões o mesmo brilho, o Pai a ser vendido pelo filho, a criatura superando o Criador; outra vida onde o desamor seja a dor a bater em cada porta, como uma serpente que se arrasta lentamente, em cada presa veneno suficiente, para matar a humanidade que já está morta.

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