No Último Tanger dos sinos.
J. Norinaldo.
Tangem os sinos novamente, rufam
os tambores mais além e o ronco dos motores ensurdece, ouve-se o canhões frios
assassinos, só aqueles que não ouvem mais os sinos, e não veem destruídas as
Catedrais pela ira do homem numa guerra; são apenas saudade e nada mais, talvez
invejados e felizes, pelos infelizes que ainda vivem aqui na terra. Quando os
últimos sinos badalarem e cessarem os troares dos canhões, porque já não tenha
quem usa-los, o mundo voltará à paz, representada por nós por uma pomba, quiçá
atingida por alguma bomba, antes que os sinos não toquem mais. A intolerância
humana sem limite, a ganância e a gana por poder, colocou Deus no mercado sem
saber, calcular o que é incalculável e assim vem tornando miserável, um mundo
que tão belo poderia ser. Tangem os sinos novamente e por quem tangem não os ouvirá mais, há esperança noutras
vidas que talvez existindo poderão ser iguais, os mesmos brasões o mesmo
brilho, o Pai a ser vendido pelo filho, a criatura superando o Criador; outra
vida onde o desamor seja a dor a bater em cada porta, como uma serpente que se
arrasta lentamente, em cada presa veneno suficiente, para matar a humanidade
que já está morta.
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