A Rede do Mar
.J. Norinaldo
São certas cenas que só poeta vê
enquanto o sol careia, veja o pescar diferente, o mar atirando sua tarrafa na areia; enquanto o
pescador atira a sua no mar trazendo de lá seu sustento seu pão, a rede do mar retorna pesada de poluição. O
homem depois que perdeu o respeito pela terra que o alimenta, quer destruir o mar a que a terra que a terra amamenta, como
um recém nascido que amaldiçoa a placenta. E a tarrafa do mar jogada na areia
vem cheia de tudo que o homem não quer, nada se aproveita e o pescador devolve
a mesma areia na cheia maré. Tão bela e tão limpa espumante a brilhar aos raios
da lua é a rede do mar, que volta pesada
cheia de nada, de nada que se possa aproveitar. Quando o navegante bem longe da
terra, ver o verdadeiro azul marinho; ao se aproximar de algum continente a cor
diferente e até a maresia que a brisa traz, em nada lembra o azul lá distante e
o azul brilhante sendo o mesmo mar. Mesmo assim Netuno com coragem e denodo,
atira a tarrafa sobre o lixo e o lodo,
em socorro da terra que o sustenta, e que através da chuva em troca a amamenta,
tentando limpá-la impotente se suja com a sua rede em forma de uma linda saia,
que ao invés de ser lavada vem lavar a
praia. O vomitar do progresso como um rio de lama e lodaçal se derrama na imensidão,
o azul marinho vai ficando cada vez mais restrito até que um nem no horizonte se enxergue a não ser lixo e
detrito. De que adianta meu grito num poema discreto; para quem sabe que onde
existiram mares, hoje existe deserto.
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