Mal me quer.
J. Norinaldo
Quando na madrugada fria a insana insônia bate, não existe
marinheiro que este nó desate, pois a
dor faz o laço e a solidão o arremate.
Somente o travesseiro amigo entende e se estende colado ao rosto úmido
como a massagear o peito túmido onde um coração disparado parece repetir; quero
fugir! Quero fugir! O frio da noite gela a alma e acalma o calor de uma paixão,
que ora ressoa em outro colchão depois de ter o corpo satisfeito. E manhã custa
a chegar, até p primeiro pássaro cantar e o primeiro raio de sol nalguma
fresta, como um archote de uma numa
festa que houve noutra cama, noutro lugar, com quem o frio vem me lembrar-me
com desvelo que ao meu lado o frio gelo está no lugar de que está bem aquecida,
porém em outro lugar. Como a madrugada fria é triste, e como a noite custa a
retirar seu véu, quando a insônia louca insana ainda te ser uma taça de fel; E
saber que quem dorme satisfeita, nem sabe que é quem aperta o laço, que sufoca
um molambo um bagaço, que até sem saber esbagaçou; quão dura fria e cruel e a
vida e noite com seu véu, para uns, para outros... Puro mel. Ah! Agora é
madrugada, meu temor é dormir e sonhar que sou feliz e que o meu coração agora
diz repetindo várias vezes feliz: quero
voltar! Quero voltar! Mesmo num sonho passageiro que desse para secar o travesseiro,
mesmo que não desate o nó, mas por dor o afrouxe e me deixe respirar. Madrugada
insônia estrada, nos aceiros espinhos pedras e fossos, e este nó no meu pescoço
que tem nome de mulher, ou de uma flor que se chama mal me quer.
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