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domingo, 31 de janeiro de 2010


Tempestade de Areia.
J. Norinaldo.

Vou retirar-me de cena para ver se faço falta,
E procurar no deserto por sua duna mais alta,
Lá vou declamar meus poemas ao firmamento,
E vou me curvar ao vento quando soprar ao acaso,
E vou tomar por aplauso as tempestades de areia.

Vou escrever mais poemas e espalhar na areia,
Falar de toda beleza que me vem ao pensamento,
Se alguém está pensado que fiquei louco de repente...
Engana-se redondamente eu sempre escrevo pro vento.
Ou para os lobos mais velhos que ainda amam a lua cheia.

Vou declamar ao deserto a solidão por platéia,
Por que mudar uma idéia que em si é poesia,
Como uma aranha solitária que vive a tecer a teia,
Uma alma sedentária que transpira melancolia,
Quem sabe vá encontrar alegria?! Na tempestade de areia.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Meus Amigos.
J. Norinaldo.

Não cedo espaço sem luta,
Luto pra ter meu espaço.
Não faço tudo que amo,
Mas amo tudo que faço.
Não posso abraçar o mundo...
Mas, meus amigos abraço.

Amigos não tem idades,
Não tem cor nem endereço.
Nasce uma flor em meu jardim,
A cada amigo que faço.
A amizade não tem preço
E é mais dura que o aço.

Por isto respondo sempre,
A mensagem de um amigo.
É gostoso acordar cedo,
E encontrar aqui contigo;
Mandar um beijo um abraço,
Sem beijar os lábios do medo.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Beleza das Pedras.
J. Norinaldo.

Sublima-se a beleza que os olhos consomem,
Relega-se aquela que o mundo não vê,
Como um livro velho com capa encardida,
Conhece o valor apenas aquele quem o lê.
Assim como existem as flores que encantam...
As pedras que espantam valor podem ter.

As flores possuem a beleza efêmera,
Há pedras eternas como os diamantes,
Que compram as flores que existem na terra,
Causam felicidade, como presentes de amantes.
Mas também causam dores e provocam uma guerra,
São belezas e belezas valores discordantes.

E a vida assim segue criando valores,
Numa corrida cega em busca do brilho,
Esquecendo que nada brilha mais que o sol.
E que um sentimento sem cheiro nem cor,
Que não há brilho que ofusque nem beleza igual...
O vinho extraído de um parreiral de amor.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Um Buquê de Hipocrisia.
J. Norinaldo.

Quando alguém conquista a fama,
Pensa que a felicidade também tem,
Para os bajuladores tudo nele é poesia,
A vaidade devora a falsidade com gosto,
Mesmo que no passado tenha bajulado alguém,
É capaz de pagar caro por um buquê de hipocrisia.

Se alguém lá no futuro no acaso e por acaso,
Vá encontrar no monturo restos de um poema meu,
E perguntar quem será que este poema escreveu?
Será que alguém lhe diria um poeta reconhecido?
Ou seria um louco varrido que o mundo já esqueceu;
Que não bajulou ninguém por isto foi esquecido.

Van Goghi, o louco das telas o mundo não esqueceu,
Hoje seus quadros são visto verdadeiras obras primas,
Que pintava na loucura enquanto em vida apodrecia,
Quantos poetas loucos, loucos somente pela poesia?
Reprovados pela métrica da vida, e a vontade das rimas...
Falam tanto das rosas, lhes sobram os espinhos da nostalgia.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Paixão Não Envelhece.
J. Norinaldo.

A vida passa, mas ainda não passou,
Enquanto há trilhos há esperança do regresso,
Há o passado, o presente e o progresso,
Neste processo meu dinheiro prescreveu,
Minha fortuna recomeçou quase do nada,
Acreditando no futuro ela cresceu.

Hoje velho sozinho, mas lembrado,
Um soldado que não serve mais pra luta,
Despojado de castelos que eram meus,
Como as forças da carcaça que era forte,
Por que negar-me a carne fresca de uma puta?
Uma velha jovem que antecipou sua morte.

Não fui bom nem caridoso quando jovem,
Não estou pedindo aqui nenhuma compaixão,
O que quero é um seio firme para apalpar,
Sem nenhum jovem perto pra me censurar,
Posso ser velho mais ainda sei o que é paixão...
Que findará somente num reles caixão.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010


Responda-me
J. Norinaldo.

De que valem tantos títulos e brasões?
Se os meus tendões já podem me levar,
Para o passeio pela calçada das ruas,
A ver as ondas a areia docemente vir beijar.
Para os salões onde oscilam semi-nuas...
Lindas donzelas como frutos de um pomar?

De que me valem as lembranças do passado?
Velhos retratos que o tempo amarelou,
De ter certeza que ainda tenho um coração,
Que arquiva mágoas, dores e desilusão,
Amargas noites de insônia e pesadelos,
Mas, ainda guarda marcas profundas de amor?

De que me vale um jardim sempre florido?
Se uma guirlanda, já não tenho a quem mandar?
Que me adianta escrever tantos poemas?
Se as lágrimas teimam em borrar a tinta fresca,
Sem ter alguém para contar os meus dilemas,
Como único ator de uma comédia dantesca.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Apenas Uma Gota de Suor.
J. Norinaldo.

Enxerga-me no teu vidro de perfume,
Sente-me no roçar do teu batom,
Descobre-me na sombra da roseira,
Nos raios de sol pela manha,
Na brisa que acaricia teus cabelos,
No doce perfume da maçã.

Quando uma gota de suor te percorrer,
Não interrompas o seu doce deslizar,
Nos sutis arrepios dos teus pelos,
São meus beijos mais safados procurando,
Com o vento alcoviteiro inconseqüente,
Outros lábios perfumados pra beijar.

Ouve a brisa cochichar-te ao pé do ouvido,
E a flor se abrindo a receber a invasão,
Na tumidez dos teus montes que se erguem,
Nos gemidos que te afloram na garganta;
Nos tremores do teu templo em ebulição,
É o acme do amor que te acalanta.





sábado, 23 de janeiro de 2010



Meus Pensamentos.
J. Norinaldo.

Encontro-me no último estágio da Torre Eiffel, encantado com as luzes de Paris. De repente um forte vento arrebata meu chapéu, minúsculo foi o meu reflexo ao tentar reavê-lo, fiquei a vê-lo num balé cadenciado, para um lado, para o outro e descendo lentamente ao sabor do vento. Livre, louco como tantos que daqui já se atiraram. Penso: se pudesse levar consigo nesse vôo enlouquecido meus pensamentos, não todos, mas pelo menos aqueles que no momento se aninhavam sob sua abobada. Se lá embaixo, algum mendigo, avistando-o corresse como um caçador de pipas até que o mesmo viesse parar em suas mãos. Experimentá-lo-ia, vendo parecer ser feito para si, dar um sorriso de satisfação, pelo inesperado presente que lhe trouxera o vento e seguir feliz o seu caminho. Que faria com meus pensamentos? E que faria eu sem eles? Com eles, a vontade de viver, de acreditar, que a esperança será sempre a última a morrer. Sem eles, a mente vazia, a alma fria, e quem sabe o desejo de seguir o mesmo caminho, mesmo sem o interesse do vento, nem de quem naquele momento ocupava minha mente. Quem sabe...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010



Louco por Viver.
J. Norinaldo.

Viva, viva a vida intensamente,
Pense somente na vida que tem a viver,
Sinto o amor que é livre como o vento,
Pois na vida nem sempre existe amanhã,
Não deixe que o mundo lhe sufoque,
Com a máscara do louco de Gibran.

Sinta a brisa suave nas feridas,
Pense nas vidas onde a brisa já passou,
Agradeça as máscaras que a vida lhe impôs,
Na felicidade sem a máscara do depois,
Mascare a vida com as tintas do amor.
Mesmo que tenha que esmagar uma flor.

Grite eu te amo mesmo sem ninguém ouvir,
O vento leva teu grito ao lugar certo,
Quantos loucos gritam pelo mundo a esmo,
O grande Mestre que já pregou no deserto,
Nos ensinou os caminhos e segredos do amor...
Antes de amar alguém, procure amar a si mesmo.


Engatinhando.
J. Norinaldo.

Quando eu ainda era criança e não andava,
Engatinhava me virava sempre via um sorriso,
Engatinhando, me virando, alguém sorrindo,
Já caminhando, fui me afastando nem olhei mais,
Quando cismei de olhar pra trás vi somente o vazio,
A minha frente o mundo frio me esperando.

Segui em frente, venci o mundo, mas não o tempo,
Que ao seu tempo pôs-me de volta no mesmo caminho,
Novamente engatinhando voltando ao começo,
Um novo endereço onde sei que ficarei sozinho,
O sorriso agora é daqueles que começam andando...
De puro sarcasmo, enquanto o primeiro era só carinho.

Quem sorri agora tem a certeza que um dia estará,
Nessa mesma estrada voltando pra terra a se arrastar,
Talvez nem se lembre daquele sorriso quando engatinhava,
Se orgulha dos passos que o levam depressa a hora de voltar,
A vida enganou-me deixou que pensasse que justamente agora,
Que estou indo embora, alguém engatinhando vinha me encontrar.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010



Ser Feliz.
J. Norinaldo.

A vida segue a corrente enquanto o poeta cria,
Pintando as cores da vida com a sua poesia,
Plantando rosas em pedras onde antes nada tinha,
E procurando beleza até na erva daninha.
Escrevendo partituras de diálogos de amantes,
Da cinza esculpindo sonhos de cascalhos diamantes,

Como a Fênix lendária o amor vai renascendo,
E o riacho correndo tentando chegar ao mar,
Entre lágrimas e sorrisos a vida segue seu plano,
As velas seguem singrando e alvíssaras esperadas,
E o orvalho das manhãs rorejando a primavera...
A lua sempre prateando o espelho do oceano.

Sou feliz por que na vida tenho tudo que preciso,
Tenho a sombra da montanha e os acordes do vento,
Tenho o perfume das rosas à beleza do beija flor,
Tenho o céu e as estrelas para onde quer que vá.
Tenho um coração batendo no ritmo do amor...
Tenho as mãos pra enxugar, lágrimas de quem chorou.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Canção do Pensamento.
J. Norinaldo.

Dedilho as teclas do piano, e as notas saem como estações fora de época, a primavera no verão e outono em pleno inverno, como pingüins a caminhar pelo deserto, devagarinho, bem suave vou tocando cada tecla, ali sozinho e de repente passo a ouvir uma linda canção, não, não, a mais linda canção que já ouvi. Penso em você toda de branco, descalça a caminhar na praia, as ondas mansas vindo banhar os teus pés. De repente olhas o céu, e apontas uma estrela, tento traze-la para as teclas do piano, e a canção com seus falsetes maviosos vão te encantando e começas a dançar também cantando, cantando a minha canção. E como é belo este cenário que até parece mais um verso de um poema. Penso então: seria isto a felicidade? Parar o tempo agora e assim ficar pra a eternidade?
Na verdade, não há canção, não sei tocar, nem sou poeta, só sei pensar, em você e nada mais, e isto faz qualquer lugar se transformar no paraíso e qualquer ruído transformar-se em canção, não, qualquer canção, mas na mais linda canção que existir.

Que Faço pra te Esquecer?
J. Norinaldo.

Jamais te perdoarei por esquecer-me,
Por não querer-me eu até já esqueci.
Ah! Como queria poder te esquecer,
Mas como, se lembrando de você,
Na verdade é que consigo perceber...
Que tentando foi de mim que esqueci.

Nas noites tristes ouço o barulho do trem,
Logo me vem aquela tarde em que partistes,
No sabor daquele beijo que me destes,
Abro a janela e vejo o céu tão estrelado,
Olho pra cama não tem ninguém ao meu lado,
Nem imaginas o mal que me fizestes.

Nos sonhos tu estás sempre em meus braços,
Nos mormaços febris dos meus pesadelos,
O que fiz pra merecer tantos sofrimentos?
O que te fez esquecer teus juramentos?
Que nossos sonhos nada iria desfaze-los?
Saístes da minha vida, não dos meus pensamentos.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010



Difícil Falar de Flores.
J. Norinaldo.

Haiti, ai de ti, ai de mim, ai de nós,
Colhem-se os frutos da desgraça,
Que se cobrem de terra novamente.
Gritam de dor os seres mutilados,
Réus condenados inocentes...
Pelo martelo do juiz dos insensatos.

Em busca de armazenar tesouro,
Petróleo, ouro outras riquezas da terra,
O homem cavando e esburacando a esmo,
E muitas vezes quem na vida só tem essa,
Não tem ajuda, pois quem pode está com pressa...
Cavando mais um abismo pra si mesmo.

A água donde se origina a própria vida,
Está poluída e os rios correm lentos.
A floresta onde viviam os animais,
Em seu lugar os prédios de apartamentos,
Ursos antes tão temidos e selvagens...
Viram latas de lixo em busca de alimentos.

E as vidas enterradas no hoje lá no Haiti,
Regadas pelas lágrimas dos que ficaram aqui,
Pedindo a Deus proteção e guarida à natureza,
Enquanto outros buscam mais riqueza e ascensão,
O que tombou precisa ser reconstruído...
Somente a vida é que não tem reconstrução.







segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


O Homem e a Natureza.
J. Norinaldo.

A ganância pelo poder,
Levou o homem a esquecer,
O lado belo da vida,
Que a espada e a ferida,
Não são linhas paralelas,
Nenhuma delas é querida.

O romantismo de outrora,
Hoje é uma página esquecida,
O lirismo apenas uma maneira formal,
A inocência brejeira do tempo dos meus avós,
Da brincadeira nas árvores do meu quintal,
Da conferencia em família sobre o bem e o mal.

Reféns do tempo e da moda,
Desde a invenção da roda
O homem vem inventando,
Sem se preocupar com a terra,
Hoje o chão da nossa casa,
Está queimando como brasa.

Nosso planeta tremendo, claudicando,
Não agüentando mais tanto desmando,
E o homem como cupim continua esburacando.
De vez em quando um aviso contra a insensatez,
A força da natureza ainda tem o comando,
Até que não agüentando engula tudo de vez.



domingo, 17 de janeiro de 2010


Meu Apelo.
J. Norinaldo.

Sinto-me cônscio do ser nada,
De nada valer o meu apelo,
Diante dos gritos de pavor,
De um irmão onde o mundo desabou,
Este mundo que cantei como modelo.

Não me sinto bem falando em flores,
Do perfume que emanam sobre a vida,
Do arco íris que confunde suas cores,
Com os horrores dos mísseis numa guerra,
Do descaso do homem pela a terra.

Ouço os gritos que atravessam o oceano,
Que adiantam tantas flores em meu jardim?
Minhas lágrimas não servem de linimento,
Para aliviar quem tem tanto sofrimento,
Pois sei que um dia alguém vai chorar por mim.

O planeta não suporta mais tanto desprezo,
Muito peso apenas em busca de lucro,
Na total cegueira a humanidade não vê,
Que seguindo este caminho vamos ter...
Uma cova única para um coletivo sepulcro.



Terremoto 2
J. Norinaldo.

Está mexendo a terra aqui,
Afundando um pouco ali,
Quando o homem se der conta,
Já não tem pra onde ir.

O mar sobe a cada dia.
E vai invadindo a terra,
E eu sem tempo pra pensar,
Envolvido noutra guerra.

O planeta pega fogo,
E a gente vai apagando,
E o povo que vai morrendo,
Em valas vamos enterrando.

Será que o homem não vê,
O rumo que está seguindo,
A terra que Deus nos deu,
Nós estamos destruindo.

sábado, 16 de janeiro de 2010


Terremoto.
J. Norinaldo.

O planeta começa a se desmanchar,
Como um velho cujos ossos degeneram,
A terra sofre de uma anemia crônica,
Diagnóstico que os médicos não operam,
Em suas entranhas o homem busca,
Os tesouros que mais poluição geram.

Como a madeira corroída por cupins,
Sobrevivemos sobre o abismo disfarçado,
Quando a força da mãe terra se esvai,
O homem cai no espaço destroçado,
A ciência reconstrói tudo de novo,
E diz ao povo que a culpa é toda do gado.

E a ganância se espalha como o joio,
A humanidade na corrida por mais óleo,
E a vida soterrada em grandes valas,
São sementes que se transformam em petróleo,
Que impulsionam as maquinas da guerra...
E dos veículos que procuram outra terra.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


A Espuma do Banho da Rainha.
J. Norinaldo.

A espuma do banho da rainha,
Tem o mesmo destino no esgoto,
Um quilo de pena pesa igual,
A um quilo de prego ou de metal,
O veneno da víbora é mutável,
Assim como a beleza do seu rosto.

Entre uma pedra e uma flor,
Há sempre um colorido colibri,
Belíssimo em cor, mas sem perfume,
Será que entre eles há ciúme?
A flor bela, colorida e perfumada...
A ave alada e a pedra só volume?

O amor não tem brilho cor ou forma,
Não tem peso, portanto não tem valor.
Não se compra, não se vende nem se troca,
Como Deus que não se vê, mas se evoca,
Quase sempre nos momentos de pavor:
Pelo Amor de Deus ajude-me, por favor.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


De quem é seu Coração?
J. Norinaldo.

Sou alguém que nasceu pra ser amigo,
Como aquele que já nasce tendo um trono,
Ter amigos é algo tão maravilhoso,
Viver a vida sem conhecer abandono,
Quem me dar o seu ombro seu abraço,
O coração só não dá porque tem dono.

Tantos amigos que não me deixam chorar,
Para fazê-lo tenho que ser às escondidas,
Nas noites frias em que não me vem o sono,
Nas agonias de tantas ilusões sofridas,
De ter tão perto quem eu amo como amigo...
Que está comigo, mas seu coração tem dono.

Será que dentre tantos amigos que tenho,
Existe alguém que por mim perde o sono?
Que acalenta os mais puros dos desejos,
Vive a sofrer como eu por outros beijos?
Só que se não for você que estou pensando...
Vai ouvir: amiga (o) meu coração já tem dono.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010


Tela e Escultura..
J. Norinaldo

Barro, terra, água mãos e forma,
A vontade do homem de ser Deus,
A criatura recriando a criação,
A perfeição nos brilhantes dos anéis,
O desejo de descobrir a beleza,
Na destreza do martelo e dos cinzéis.

Quem busca a perfeição nos pincéis,
Não critica o autor da obra inteira,
Pois não é o Criador sim criação,
Deus lhe deu o poder que tem na mão,
E na mente a imagem verdadeira,
E a aquarela é seu próprio coração.

Quem pintou o primeiro arco íris,
Quem o imitou na tiara da rainha,
Quem deu ao mundo a visão da epifania,
Quem escreveu a primeira poesia,
Quem sentiu nos lábios o primeiro beijo...
Descobriu o amor e nem sabia.

Existem as mãos que pintam telas,
Outras que constrói as aquarelas,
Algumas pintam o mar, a praia calma,
Com as tintas que o homem descobriu,
Mas, nenhuma mão será jamais...
Capaz de imitar, Aquele que esculpiu a alma.




Alquimia das Palavras.
J. Norinaldo

A poesia tem o dom de aproximar,
Apaixonar, desiludir, fazer chorar,
Traz o lírico bem próximo a razão,
Criar oásis em desertos corações,
Separa o joio do trigal da emoção,
E dá contornos mais suaves as tentações.

O poeta é o alquimista das palavras,
E o amor é a sua pedra filosofal,
Se aventar transformar cascalho em safira,
Será mais fácil que fazer o bem pro mal.
A grande obra que o alquimista almeja...
Talvez seja a verdade sem mentira.

É tão fácil transformar semente em flor,
Como compor da dor uma poesia,
Com uma lágrima nasce um rio no deserto,
De uma palavra um remédio que alivia.
Como maçãs de ouro em salva de prata...
São palavras, ditas no momento certo.


A Verdade é a Vida.
J. Norinaldo.

Despi-me do manto da ilusão da vaidade,
Com a alma nua como a lua prateada,
Despojado dos tesouros que eram meus,
Busquei em Deus a verdade prometida;
E vi tão claro como o sol que nos aquece,
Que o mundo esquece que a verdade é a vida.

Cada um vê a verdade do seu jeito,
E tem no peito um coração diferente,
Como uma estrada que deve ser percorrida,
Cada mentira vai corroendo a verdade,
Enfraquecendo algum elo da corrente,
Até que um dia a verdade é vencida.

A verdade é que um dia fui menino,
Que corria livremente nos trigais,
Acreditei nas mentiras da verdade,
Hoje sou velho e nem sequer ando mais.
A brancura dos cabelos me ensinaram...
Que há tempo sim para se ter felicidade.

A verdade só descobrimos no final,
Quando o trigal já é apenas lembrança,
Quando voltar a ser criança não dá mais.
Que a esperança é a última a morrer,
Como saber quando isto aconteceu?
Se antes morro eu, portanto é tarde demais.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Verdade é a Vida.
J. Norinaldo.

Despi-me do manto da ilusão da vaidade,
Com a alma nua como a lua prateada,
Despojado dos tesouros que eram meus,
Busquei em Deus a verdade prometida;
E vi tão claro como o sol que nos aquece,
Que o mundo esquece que a verdade é a vida.

Cada um vê a verdade do seu jeito,
E tem no peito um coração diferente,
Como uma estrada que deve ser percorrida,
Cada mentira vai corroendo a verdade,
Enfraquecendo algum elo da corrente,
Até que um dia a verdade é vencida.

A verdade é que um dia fui menino,
Que corria livremente nos trigais,
Acreditei nas mentiras da verdade,
Hoje sou velho e nem sequer ando mais.
A brancura dos cabelos me ensinaram...
Que há tempo sim para se ter felicidade.

A verdade só descobrimos no final,
Quando o trigal já é apenas lembrança,
Quando voltar a ser criança não dá mais.
Que a esperança é a última a morrer,
Como saber quando isto aconteceu?
Se antes morro eu, portanto é tarde demais.




A Luz do Fim do Túnel.
J. Norinaldo.

A luz do fim do túnel é a saída,
Para a total incerteza da vida,
No túnel o desespero pra sair,
Deixar para trás todo escuro,
Lá fora o pavor é o futuro,
Que chamamos de por vir.

O que está por vir é tão incerto,
Como um pássaro cego no deserto,
A entrada no túnel é o presente,
Sair é o presente já passado,
E o futuro existe, mas não chega...
Como um farol sempre apagado.

Por que o túnel é tão escuro,
Se temos tanta luz dentro de nós?
Se somos uma centelha divina,
Se o amor brilha mais que mil tochas,
Se temos Deus em nosso coração...
Se a nossa fé é mais dura que as rochas.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010



Sonho e Ilusão.
J. Norinaldo.

Bem vindos ao mundo da fantasia,
Da ilusão, da mágica da poesia,
Onde você, é o que deseja ser,
Onde você tem tudo que quer ter...
Só aqui é que posso ter você.

Como é bom sentir seus lábios nos meus,
A perfeição deste seu corpo sedutor,
É tão fácil possuir-te a todo instante,
Num abraço tão intenso e excitante...
Com apenas alguns versos de amor.

É tão bom ver os lençóis amassados,
Nossos corpos suados desprovidos de pudor,
E o que dizemos jamais pode ser escrito,
São os versos de um poema tão restrito,
Que a paixão escreveu para o amor.

Ah! Como é lindo poder sonhar,
Se o acordar não fosse tão cruel,
Sorver o mel nos seus lábios tão macios,
Depois sentir o toque dos dedos frios...
Da solidão com uma taça de fel.





quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


Sonhos e Caminhos.
J. Norinaldo.

Quem escolhe os meus sonhos sou eu mesmo,
Assim como os caminhos que tenho que seguir,
A estrada precisa ser por alguém construída,
Se sempre caminhei no caminho que achei feito,
Não importando se muito largo ou muito estreito,
Não tenho direito a reclamar dos sonhos que escolhi.

Quem constrói os caminhos cria sonhos,
Como jardins bem cuidados e floridos,
Retiradas são as pedras e os espinhos,
Para o aceiro os pesadelos são varridos.
Não se faz apenas por fazer caminhos...
Esses levam aos sonhos desconhecidos.

Eu encontrei um belo rio cristalino,
A sua margem fiz este belo caminho,
De cada lado um canteiro bem florido,
Em cada árvore um ninho de passarinho,
Para alguém que caminha solitário,
Escute sempre uma canção de carinho.

É tão belo ver meu caminho percorrido,
E a alegria do abraço no encontro do chegar,
Indo ou voltando não importa dar pra ver,
Que o meu sonho não era só pra caminhar,
E que as flores, não plantei só por prazer...
Fiz o caminho e perfumei para você.




quarta-feira, 6 de janeiro de 2010


Pétalas que voam.
J. Norinaldo

Hoje acordei bem cedo e fui direto ao jardim,
Não encontrei aquela rosa que reservei pra você,
Bateu-me uma tristeza ao pensar que alguém roubou,
Mas meu coração me disse pra não me preocupar,
Tua rosa bateu pétalas e se foi com um beija flor,
E pousaram na janela da casa onde vive teu amor.

Duas lágrimas rolaram pelo meu rosto feliz,
E rorejaram outra rosa que ainda não se abriu,
Amanhã muito cedinho pode deixar não esqueço,
Antes que o beija flor seduza a rosa em botão,
Com as tintas do coração escreverei seu endereço,
Nas pétalas da minha rosa voará minha paixão.

Antes que abras a janela já sentirás o perfume,
Dessa paixão sem ciúme dessa amizade sincera,
Podes beija-la a vontade como se fossem meus lábios,
Ela aprendeu a voar pra desespero dos sábios,
Quem sabe volte pra mim trazendo o teu perfume...
Os mistérios do amor não se encontram em alfarrábios.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010


Vida e Ferrão.
J. Norinaldo.

As vezes me pergunto o que fiz,
Refazendo o caminho até agora,
Como um velho maribondo já sem asa,
Como uma formiga estranha sem ter casa,
Que perdeu o espaço pra voar,
E que agora caminha por caminhar.

Se fui feliz, agora não lembro mais,
Faz tanto tempo se é que isto aconteceu,
Se fiz alguém sofrer já me esqueci,
Só que mais do eu ninguém sofreu.
Só tenho agora a estrada e a certeza...
Que a beleza dentro de mim já morreu.

As vezes para e olho a linha do horizonte,
Vejo o céu beijar a terra e sinto inveja,
Sinto voltar a ternura ao meu coração.
E o velho maribondo já sem asa,
A formiga tão estranha e sem casa...
Vê que uma vespa não é só, vida e ferrão.




domingo, 3 de janeiro de 2010


As Sombras
J. Norinaldo.

Mesmo que o futuro me apavore,
Mesmo que os rios corram lentos,
Mesmo as sombras petrificadas,
Mesmo tendo que arder em calçamentos,
Mesmo estando o passado tão distante,
Sinto as sombras se moverem em pensamentos.

Mesmo vendo que crianças já não brincam,
Assim como brincavam antigamente,
Mesmo aplaudindo uma canção se entender,
Mesmo não crendo faço esforço para crer,
Que o futuro será proeminente,
Só não sei se as sombras serão suficientes.

Nos desertos existem sombras rarefeitas,
E os desertos se propagam pela terra,
Onde a sombra dançava ao sabor do vento,
O homem destruiu com o poder da serra,
Hoje as sombras que existem nos assombram...
São fantasmas daqueles que pereceram na guerra.
Velhas Feridas.
J. Norinaldo.

Velhas correntes que a ferrugem corrói,
Aos poucos destrói traumas já vividos,
O presente constrói a ponte do tempo,
Com pedras de nada e ventos despidos,
Sobre rios de lágrimas em leitos de lama,
Onde navega a chama de feitos vencidos.

Nas esquinas do vício meninas perdidas,
Com as mãos estendidas a vender amor,
A cada buzina uma esperança na vida,
Da flor precoce colhida ainda em botão,
Da mulher menina que a vida escolheu...
E nem sequer deu o direito a um não.

Meninas que geram meninas sem rumo,
Como a fruta sem sumo que não madurou,
Marcadas a ferro pela mão cruel do destino,
Diminutas figuras que aguardam as buzinas,
São as rosas pequenas que se abrem a noite...
Em vasos do lixo que enfeitam as esquinas.

sábado, 2 de janeiro de 2010


Caminhos da Fé.
J. Norinaldo.

Alfaiar o teu manto com estrelas,
Com fímbrias bordadas de luz,
Costura-lo com fios de ouro,
Igualar-te ao mais rico tesouro,
Não redime o nosso pecado,
De humilhar-te e pregar-te na cruz.

Só o amor que ensinastes redime,
Abrilhanta o caminho de luz,
Não o amor que com amor se paga,
E sim a verdadeira entrega, veneração,
Não a luz que com vento se apaga...
E sim aquela que nos acendeu Jesus.

O caminho tem pedras e espinhos,
O amor não há tesouro que pague,
Jesus partiu, mas o amor não morreu,
Esta luz não há vento que apague.
As moedas de Cezar não sevem...
Pra pagar o curso de amor que nos deu.



sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


Novo Ano, eu Mais Velho.
J. Norinaldo.

O ano que se inicia não é um novo jardim,
Não trocamos velhas flores o orvalho é mesmo,
Os colibris beijarão do mesmo jeito de ontem,
Embora os galhos apontem o futuro que chegou.
Mais espaço pra plantar, rosas, cravos e jasmim,
E a certeza que amar é o mesmo que ser amor.

As lágrimas do passado se transformam em orvalho,
Que rorejam nossas rosas que alimentam o colibri,
Nossos amigos são fontes como oásis no deserto,
Nossos dias são os versos de um poema inacabado,
Que agradeçamos sempre ao Poeta maior...
Por nos dar inspiração a cada verso somado.

Muitas vezes cansativo, mas vale a pena escrever,
Alguns escrevem na areia o vento vem e apaga,
Outros escrevem no bronze que não se apaga jamais,
Mas, todos tem seu espaço pra escrever seu poema,
Uns que cantam a beleza outros relatam um dilema,
Mas, os jardins são os mesmos e os poetas imortais.