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sábado, 10 de abril de 2010


Bêbedo, Beco e Bordel.
J. Norinaldo.

Enquanto as sombras giram a minha volta,
E o copo gruda na sujeira da toalha,
No lusco fusco de uma lamparina,
Uma mundana remexe seu corpo informe,
Vestindo um velho modelo de mortalha,
Que ainda recende o cheiro de naftalina.

Tenho sorte de estar vivo, se é que estou,
Ergo o copo e sorvo um gole como brinde,
Ao meu lado delira outro ébrio louco,
De onde será que a vida tira sem melindre
Personagens como eu e a dançarina louca?
E quem ainda paga pelos beijos dessa boca?

Mais um gole de uma garrafa sem rótulo,
Se tem rótulo eu já nem posso pagar,
E o veneno aos poucos vai fazendo efeito,
Além do fogo que vai me queimando o peito,
Dilacera minha alma, que ainda insiste...
Mesmo triste a me seguir por estes becos.

De repente algo se mexe em meus cabelos,
Mas o que é isto, uma barata em meu chapéu?
Consigo vê-la e até sinto em seu olhar,
Quem sabe fazer aqui me fazer um cafuné,
E me lembrar que não estou só neste bordel...
Pego a garrafa danço um tango de Gardel.


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