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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Travesseiro Úmido.
J. Norinaldo.


Quando a noite se despede das estrelas,
E o sol vem chegando de mansinho,
O cansaço da insônia me domina,
O travesseiro úmido do meu pranto;
Conclama ao poeta a triste rima,
Mais uma noite que se foi sem acalanto.

Mais triste é saber que outra noite,
Virá tão serena e enluarada,
Que a estrela Dalva na madrugada,
Que apontavas dizendo que era tua,
Enquanto me beijavas com desejo,
E me chamavas divinamente nua.

Vem o sol, vem à chuva e vem a lua,
A primavera, o inverno e o verão,
A estação que mais sofro é o outono,
Quando vejo as folhas mortas pelo chão;
Quantas vezes visitamos o paraíso,
Tendo essas folhas mortas por colchão.

Lembras do riacho cristalino lá no bosque?
E as borboletas voejando ao teu redor,
O riacho já não corre mais, secou,
E com ele se foram as borboletas;
Não tem graça procurá-las assim tão só...
A solidão e a saudade é o que me restou.

Na primavera as flores não tem perfume,
Nem ciúme sinto mais, não tem por que,
A macieira que plantei não dá mais fruto,
Mesmo de luto, luto pra não te esquecer;
Sei que morri no dia em que te fostes...
Portanto, medo já não tenho de morrer.

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