Inspiração em Pó.
J. Norinaldo.
Quem busca inspirações nos labirintos do umbral,
Cantará canções ao mal desafiando o Criador,
Buscando o prazer carnal que a própria vida abomina,
Beijando os lábios da morte numa carreirinha fina;
Vendo no vidro a máscara que a própria morte pintou.
Quem busca por artifícios mudar a vida que tem,
Não tendo tempo sequer para o arrependimento,
Mentindo para si mesmo pregando que é feliz;
Anestesiando o corpo para qualquer sentimento...
O coração no esquecimento só se lembra do nariz.
Tantos seres que ainda sofrem tentando sobreviver,
Paralela outra corrida de quem debocha da sorte,
Uns aspiram tubos de oxigênio tentando buscar a vida;
Outros que são entubados a guisa da despedida...
E tantos jovens sadios aspirando o pó da morte.
Num futuro não tão longe quem sabe até se construa,
Cemitério especial para quem vem se matando,
Sem velório, vela, ou choro, sem nenhuma extrema-unção,
Somente a última dose, a saideira da vida...
E o defunto vai andando sem precisar de caixão.
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