O Elmo e a Espada.
J. Norinaldo.
A espada fere o corpo, mas dar o direito a defesa,
O elmo protege a face e completa a armadura,
A máscara esconde a dor, mas só da boca pra fora,
Não há escudo que defenda alguém da dor da amargura;
Como a ancora na procela o navio não segura...
O mascarado de Gibran não escondia a loucura.
A tela está completa mesmo fora da moldura,
A zebra teme o leão, mas não foge da savana,
A cimitarra de fogo que aquece a água do lago,
Na janela de um castelo ou de uma simples cabana;
Traz sua luz seu calor como um verdadeiro afago,
E a linha do horizonte também se afasta do mago.
Se Bukowski fosse vivo quem sabe até concordasse,
Que por mais sujo o beco, por mais amargo o licor,
É melhor andar por eles com os pés no lamaçal,
Brindar mesmo sem querer o fel em nome da dor;
Tendo a falsa liberdade com a máscara da loucura,
Que os mosaicos brilhantes de um corredor de hospital.
Quem fere a face sem elmo com sorriso de escárnio,
Não ouve os gritos de dor que a alma em si sufoca,
Uma língua como espada, fere mais que o metal,
E o fel que sobra na taça amarga cada vez mais,
Atrai para si a ira que o mascarado invoca...
Com um sorriso tão belo, mas que tanto mal provoca.
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