A Chuva.
J. norinaldo.
Ah! Quantas vezes a chuva
embaralhou minhas lágrimas quando parecia ser
feliz, quantas vezes fiz da chuva minha cúmplice ao chorar, deixando
lavar a alma e carregar a minha dor, rolando pela sarjeta suja lama sem valor.
Ah! Quantas vezes acordei e vi na minha janela, como lágrimas da vida a chuva
chorando nela. Ah! Como eu gosto da chuva
da chuva sem exceção, chuva fina, chuva grossa, chuva que possa
assustar, eu gostava até da chuva quando estava em alto mar. Já enfrentei a
procela longe da terra e de tudo, eu já vi o mar sisudo sabendo a força que
tem, e a quilha do meu barco descia e eu pensava, desta vez ela não vem. É
lindo no mar azul acordar com chuva mansa, enquanto teu barco dança com Netuno
a comandar, o vento canta uma valsa que só quem navega entende, e é no balançar
que se aprende mesmo sem querer dançar. Ah! Quantas vezes a chuva me fez chorar
de saudade, dos navios da amizade que um dia fiz por lá, lá que não sei aonde
meu navio parecia um barquinho de brinquedo, e eu fuzileiro Naval que não podia
ter medo, assim como a forte onda que se choca com o rochedo. Hoje amanheceu
chovendo, uma chuva primaveril, lembrei-me do alto mar e do seu azul cor de
anil, abri a minha janela e a convidei a entrar, para mais uma vez disfarçar a
lágrimas que escoria e que ninguém entenderia porque estava a chorar. É mais
uma vez chorei, pode ser que ninguém saiba, mas a chuva sabe que eu sei.
Sem comentários:
Enviar um comentário