Esse olhar.
J. Nornaldo.
Ah! Se eu fosse um primoroso pintor e pudesse copiar o teu
olhar, usando meu talento apenas com normalidade, sem tirar nem por; quem sabe
ficasse frente a frente com o verdadeiro amor. Mas nunca tive chance de fixa-lo
por mais de um segundo, e daria tudo neste mundo por um momento assim, eu
olhando para você e você olhando para mim, sem dizer nada, absolutamente nada,
deixar que nossos olhos falassem por nós; os teus eu não sei o que diriam, mas
sei de cor e salteado, do discurso preparado durante toda minha vida, para
dizer o quanto me és querida, cuja maldita timidez amordaça-me a boca e me
entope a garganta, com uma lança atravessada que impede as palavras de
fluírem apagando a minha voz, como
passáramos libertos de anos de escravidão, como gaivotas que cortam o espaços
no seu voo tão veloz. Ah! Se eu fosse um poeta sentado a beira do mar numa
noite estrelada brincando com as ondas a dançar, como um louco varrido, gritar
para ser ouvido, que não amo só teu olhar, que te amo por inteira, mas que um
dia não haverá mais barreira, nem a mais alta montanha me impedirá eu ainda não
sei como, mas vou gritar que te amo, nem que depois de atire de lá.
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