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domingo, 2 de dezembro de 2012




Ápice.
J. Norinaldo.


Se tenho a toga que outorga o veredito, e não necessito de provas para a sentença, sei que há diferença entre o aceiro e o caminho. Se não me deixas viajar por tuas curvas, numa caricia, sem sequer um longo beijo, se me apontas logo a fonte do desejo, por que me culpas pela falta de prazer.  Por que não me levas devagar pelo caminho, mostrando os montes e os vales e cascatas, não me deixa deslizar por teus suores, saciar a sede com teus licores, até chegar ao teu bosque encantado. E ai sim me deliciar com teus tremores, ver nos teus olhos o branco da nuvem bela, nos estertores dos teus gritos sem sentidos, como as tintas misturadas na aquarela, sentindo a vida entrar em ebulição e das entranhas do amor a lava desce e cresce grande a labareda do vulcão. A toga servirá como alcova e a sentença o próprio fogo consome, para quem conhece  o ato que descrevi, e escrevi  o seu verdadeiro nome.


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