Remendos da Alma
J. Norinaldo
Hoje eu sinto saudades do tempo que era inocente e
acreditava em tudo porque não sabia nada;
quando dormia em jejum e sonhava com comida, hoje quiçá saiba menos, mas
adquiri um defeito o de me achar com direito talvez de não ter nenhum. Hoje eu
sinto saudades e me lamento a esmo, sem saber que é loucura ter saudades de mim
mesmo; talvez me digam sorrindo que sou o que sempre fui e eu finja que
acredito até por conveniência, isto nada tem de inocência e nem de sabedoria, a
saudade não é nada, é como a madrugada que se acaba com o dia. Mas tenho uma
certeza já não sou mais o que era, e não culpo a natureza, já fui uma fortaleza
e hoje sou uma tapera. Isto acontece com todos, pois o caminho é um só, pois o
final é o mesmo e o destino é o pó. Mas se a saudade não é nada, apenas uma
madrugada que se acaba com o dia; por que a sinto tão forte estando o sol a
pino, sempre que vejo um menino mesmo triste e maltrapilho; ouço o apito e vejo
o trilho de um trem quem vem do passado que o velho não esqueceu; este menino
sou eu bem vestido hoje me vendo levando uma vida calma, mas que não cabe mais
remendo nas vestes da minha alma. Não sei por que é fui crescer, coisa que
tanto queira, se pudesse eu voltaria, seguindo o trilho do trem, que é o que
hoje é saudade também, mas de repente como uma luz que na velha mente se
acende, e como se no velho trilho na carreira, lembrando Ascênio Ferreira
diferente ao poetar: “Vou Danado Pra Catende, vou Danado pra Catende”...Sem
vontade de chegar.
Sem comentários:
Enviar um comentário