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domingo, 26 de junho de 2016


Remendos da Alma

J. Norinaldo

Hoje eu sinto saudades do tempo que era inocente e acreditava em tudo porque não sabia nada;  quando dormia em jejum e sonhava com comida, hoje quiçá saiba menos, mas adquiri um defeito o de me achar com direito talvez de não ter nenhum. Hoje eu sinto saudades e me lamento a esmo, sem saber que é loucura ter saudades de mim mesmo; talvez me digam sorrindo que sou o que sempre fui e eu finja que acredito até por conveniência, isto nada tem de inocência e nem de sabedoria, a saudade não é nada, é como a madrugada que se acaba com o dia. Mas tenho uma certeza já não sou mais o que era, e não culpo a natureza, já fui uma fortaleza e hoje sou uma tapera. Isto acontece com todos, pois o caminho é um só, pois o final é o mesmo e o destino é o pó. Mas se a saudade não é nada, apenas uma madrugada que se acaba com o dia; por que a sinto tão forte estando o sol a pino, sempre que vejo um menino mesmo triste e maltrapilho; ouço o apito e vejo o trilho de um trem quem vem do passado que o velho não esqueceu; este menino sou eu bem vestido hoje me vendo levando uma vida calma, mas que não cabe mais remendo nas vestes da minha alma. Não sei por que é fui crescer, coisa que tanto queira, se pudesse eu voltaria, seguindo o trilho do trem, que é o que hoje é saudade também, mas de repente como uma luz que na velha mente se acende, e como se no velho trilho na carreira, lembrando Ascênio Ferreira diferente ao poetar: “Vou Danado Pra Catende, vou Danado pra Catende”...Sem vontade de chegar.

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