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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014



Poema do Escravo.
J. Norinaldo.



Meu Senhor me concedeu uma carta de alforria, me deu pena e papel para escrever poesia; no entanto se esqueceu de me dar inspirações, só as marcas das correntes e o peso dos grilhões. Se engana quem pensar que todo  poeta é feliz, a maioria não conhece o amor que em versos diz,  nunca viu a flor de lótus  nem tampouco a flor de Liz, mas fala de tudo isto como um poema que fiz. O meu primeiro poema depois da libertação ofereci ao senhor que agora é meu patrão, sua filha declamou no salão da fortaleza e todo mundo chorou de tanta dor e tristeza. Meu senhor me concedeu, uma carta de alforria, isto não lhe dar certeza, que devolveu minha alegria; o meu segundo poema eu fiz como  desagravo pelo tempo de escravo na senzala da agonia. Hoje eu tenho liberdade e a minha voz não cala lembrando que na senzala a minha voz só gemia, e o senhor que me açoitava não me açoita hoje em dia, se não freqüento seu salão, mas é freqüente, lá a minha poesia; que adianta ser senhor e viver gritando a esmo, quem não ama a poesia será sempre... Um escravo de si mesmo.

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