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domingo, 27 de dezembro de 2009



Poema em Branco.
J. Norinaldo.

A vida nada mais é do que um formulário em branco,
Que se recebe ao nascer para seu preenchimento,
Como um poema onde todos podem colocar um verso,
Na textura dos cristais na amplidão do universo,
Da mesma argila vêm todos com preparo diferente,
Mas quem declama o poema é o criador do processo.

Existe beleza em tudo, mas nem todos podem ver,
Na leitura do enredo sempre haverá tradutor,
No teorema insolúvel de que fala o velho sábio,
Na lenda dos pergaminhos do Templo de Salomão,
Da caverna de Platão a alquimia do amor...
Do criador do poema a capa do alfarrábio.

Na mesura reverente a qual o homem se entrega,
A filosofia que prega a ignorância de um asno,
Na altura da montanha no despencar da cascata,
Na luz de prata da lua que move a sombra da mata,
No limiar da paixão na convulsão do orgasmo,
No elo que se perdeu em algum livro primata.

Depois do poema pronto está na hora de partir,
Muitos vão sem conseguir completar uma estrofe,
Alguns apenas escrevem por conhecer a escrita,
E a colcha de retalhos vai se tornando bonita,
Costurando sedas raras a tecidos sem valor...
E às vezes o próprio amor, um simples trapo de chita.






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