Meus molambos não dizem que sou Eu.
J.Norinaldo.
Não me envergonham os meus trajes de mendigo, se comigo tenho o orgulho no olhar; de jamais me curvar ante um tirano, ou a algum rico bajular; sonho como todo ser humano vestido de lordes ou puros trapos, ninguém veio ao mundo para ser pobre, nobre ou coberto de farrapos; todos nascem nus e só depois, mesmo num berço de ouro ou numa gruta, levarás muito tempo para descobrir que sois. O homem sempre fez seu traje, não é o traje que fará ninguém, quem já viu Jesus Cristo de gravata, em algum palácio com harém; na verdade dizem que era cinófilo, como Diógenes foi também; usava uma túnica e um cajado, e sandália como a um pobre convém. Orgulho-me dos meus trajes de mendigo, se não me curvo ante aquele que por soberba me desdenha, quiçá seja mais mendigo do que eu; nem saiba de onde essa soberba venha. Hoje eu vi um retrato amarelado, que o tempo com seu pincel amarelou, e outro tirado recentemente mostrando o que da soberba restou; uma carcaça cuja máscara enrugada, não lembra em nada a menina que a vida mimou; mas esqueceu de lhe falar sobre o tempo, e do pincel e a aquarela, quase sempre só com a tinta amarela, que a própria vida lhe outorgou. Não me envergonha meu poema, cujo tema não carece inspiração, pois não penso que os molambos que me cobre, deixe a minha alma menos nobre e empobreça também meu coração. O homem foi sempre fez o traje, que veste o traje que reveste a alma e o coração e o amor, se ultraja seu semelhante pelos trajes; não faz ideia que até por sobre lajes pode nascer uma bela flor.
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