O
Bobo da corte.
J. Norinaldo
J. Norinaldo
È
lamentável ver gente que ontem só tinha o que comer acredite. Hoje assalariado,
mora num apartamento alugado, tem um carro financiado e se considera elite. Faz
de tudo para aparecer nos salões de gente que tem brasões, dinheiro é bem
nascido, ficam num canto esquecido, assim abanando a esmo, cumprimentando a si
mesmo, por ser desfavorecido. Eu prefiro a singeleza a minha vida de pobre,
minha riqueza é a alegria e a minha conformidade, se isto é
felicidade pois muito feliz eu fico, sem me humilhar a rico, querendo ser quem
não sou, se é amigo eu jamais o chamarei de senhor, só para ter o prazer de
frequentar seu salão e depois lustrar seu brasão com a vergonha que sobrou.
Usando um fraque alugado, não feito sob medida, como se o piso da vida ficasse
sobrando arestas, e existisse limite, pobre não fizesses festas fosse somente a
elite; sem fraque e sem mordomia, mas que existe alegria, amor e fraternidade,
e quem disse que a felicidade foi rica ou pobre algum dia? Em casamento de
ricos pobres na hora da valsa, chacoalhando joia falsa parece escrito na testa,
que servirão de chacota, no papo depois da festa. Quem nasceu peão, jamais
chegará a rei, por isto mesmo é que sei que se há felicidade, terei sempre a
humildade de ser aquilo que sou, de quem só mostra o que tem bancar elite não
vou ser bobo da corte, deste ou daquele senhor.
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