Quando é mesmo a Primavera?
J. Norinaldo.
Tinha algo a te dizer, mas agora
não me lembro, sei que era sobre setembro, Quando é mesmo a primavera? Não!
Nada a ver com o que queria, de que falávamos outro dia minha memória já era.
Que triste às vezes assim de repente me volta todo passado, e me vejo atordoado
com tanta recordação, meu coração parece um jovem ginete num pura sangue garboso, me sinto tão
orgulhoso ao velo pular contente, e a
seguir tudo some novamente. Parece um velho filme que nós guardamos na mente, e
que num piscar de olhos está de novo a nossa frente na tela branca da vida;
vejo-me sujo de lama a correr por uma estrada bela comprida, em uma tarde de chuva com meus amigos de
infância que há tanto tempo não vejo; não sei nenhuma notícia para aplacar meu
desejo, minimizar minha ânsia.AH! Já me lembrei do que era, quando é mesmo a
primavera? Como é que não me lembro, claro é no mês de setembro, mas onde é que
está você? Meu deus! Será que estou louco se estava agora a pouco conversando
com um amigo que me contava as lembranças, lá dos tempos de crianças correndo
sujos de lama por um antigo caminho;
será que estou falando sozinho? Não isto não pode ser, para de te
esconder que brincadeira sem graça. É assim que o tempo passa tão depressa e
não se vê. Quanta gente tem parte da vida passada em branco, hoje velho, e o
seu coração é como um cavalo manco que não suporta um ginete; já nem bate mais direito, tudo que tem na
memória caberia na cabeça de um alfinete. Ah! Agora me lembro eu não falava a
esmo, falava comigo mesmo, mas a lembrança existiu, a chuva a Lama o caminho, e
eu corria contente, já falei para tanta gente... e hoje falo sozinho.
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