O Velho, e o Rio.
J. Norinaldo.
O rio a chalana o remanso e o vento,
O dourado se bate no fundo do barco,
O velho remando com o pito aceso,
O capincho brincando atolado no charco.
O rancho que abriga a quem foge do mundo,
Na curva do rio em forma de arco.
As sombras se movem no espelho das águas,
E o velho remando com seu pito aceso,
Vê a ponte que liga nação a nação,
Como um grande raigão nos dois lados preso.
E o dourado se bate no fundo do barco,
E o velho calcula que tenha bom peso.
O silencio é quebrado pelo som do progresso,
A ponte estremece com a carreta que cruza
O pito deixando para trás a fumaça
A chalana é seguida pelo vôo da garça
A espreita do peixe que no fundo se bate
Assim corre a vida como o rio que passa
O barco singrando e o pito no toco,
Já falta bem pouco pra chegar ao porto,
O couro gemendo junto à toleteira,
O velho suspira já não se bate o dourado,
O pito apagado vai pra corredeira.
E o doutor compra o peixe por algum trocado.
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