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sábado, 11 de junho de 2011



Chegada e Partida.

J. Norinaldo.

Não me lembro do meu choro primeiro,

Mas chorei por que não sou diferente,

Esqueci da luz que vi no meu começo,

Do número da casa meu primeiro endereço;

Lembro bem de um túnel azul pelo avesso,

E de uma sombra que me segue indiferente.


Uma cigana com um archote apagado numa arena,

De tez morena com um olhar aveludado,

Leu minha mão e revelou o meu destino;

Tão pequenino e com o caminho já traçado,

Pintou no chão os passos do meu amanhã...

Com o picumã do seu archote apagado.


Acreditei mesmo sem nada entender,

O que quis fazer ao me dar um talismã,

Como a cigana, a vida também me enganou;

Segui meu túnel azul pelo avesso,

Caindo e levantando, a cada tropeço...

Portanto a vida como a cigana foi vilã.


Se chorei na chegada, devo sorrir na partida,

Quando o meu túnel finalmente se fechar?

E no aconchego do ser nada novamente,

Como a linha do horizonte tão ausente,

Que existe, mas ninguém pode tocar,

Como essa sombra que me segue indiferente.

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