Chegada e Partida.
J. Norinaldo.
Não me lembro do meu choro primeiro,
Mas chorei por que não sou diferente,
Esqueci da luz que vi no meu começo,
Do número da casa meu primeiro endereço;
Lembro bem de um túnel azul pelo avesso,
E de uma sombra que me segue indiferente.
Uma cigana com um archote apagado numa arena,
De tez morena com um olhar aveludado,
Leu minha mão e revelou o meu destino;
Tão pequenino e com o caminho já traçado,
Pintou no chão os passos do meu amanhã...
Com o picumã do seu archote apagado.
Acreditei mesmo sem nada entender,
O que quis fazer ao me dar um talismã,
Como a cigana, a vida também me enganou;
Segui meu túnel azul pelo avesso,
Caindo e levantando, a cada tropeço...
Portanto a vida como a cigana foi vilã.
Se chorei na chegada, devo sorrir na partida,
Quando o meu túnel finalmente se fechar?
E no aconchego do ser nada novamente,
Como a linha do horizonte tão ausente,
Que existe, mas ninguém pode tocar,
Como essa sombra que me segue indiferente.
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