O Gaúcho sem Campo.
J. Norinaldo.
O gaucho do campo migrou pra cidade,
E a felicidade ficou na tapera,
Seu cusco morreu de tanta saudade,
Deu água nos casco do pingo do Cuera;
Hoje vive trancado entre grades de ferro,
E o campo tão grande virou jaula de fera.
Já não sente a vida quando se levanta,
E o cheiro de terra que a muito se foi,
Só a antena lhe traz as noticias do campo,
Já não ouve mais os berros do boi,
Não vê o quero-quero nem o pirilampo,
Só moirões de cimento onde não entra grampo.
Chimarreia em frente ao fogão a lenha,
A erva lhe cai pelo peito do poncho,
Um cusco tosado com roupas de gente;
O minuano açoitando em volta do rancho,
No radio tocando uma moda diferente,
O gaucho se sente como charque no gancho.
O sol já não brilha como brilhava antes,
Sua faca não tem mais o fio que tinha,
Seu falar para os filhos é de um homem rude;
É um velho perdido na invernada da vida,
Como o vento que esbarra na taipa do açude...
Só lhe resta a lembrança da pampa querida.
1 comentário:
Gaúcho guapo só no campo, na cidade torna-se um terneiro amoitado, tal como o pantaneiro fora do pantanal. Pantaneiro!!! panamá, camisa xadrez, bota cano longo. Guaiaca, "três oitão", laço doze braças e alazão bem encilhado... que pena!... ser em extinção. Visite Museu do Homem Pantaneiro em Corumbá-MS. Abraço, amigo.
Enviar um comentário