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sábado, 25 de junho de 2011


Eterna Luz.

J. Norinaldo.

Ah! Se aquela rua dos cataventos,

Catassem os meus pensamentos,

De quantas e quantas vezes morri;

Quantas vezes, morto e desnudo,

A luz do toco de vela a mostrar tudo,

Perdi o jeito de viver e de sorrir.


Se os corvos, os chacais, ladrões de rua,

Roubaram-te, te deixando a alma nua,

Esta luz que é eterna e não se apaga;

Como a mão que apedreja quem lhe afaga,

E escarra na boca que lhe beija...

Que ilumina até a derradeira chaga.


Com a lama da sarjeta que escorre,

Vem o último poema de quem morre,

Abanado pelas asas dos horrores;

Nos tremores da mão jamais adunca,

Ainda sinto na beleza das flores,

O Quitanismo, este que não morre nunca.


Todos passarão, mas tu passarinho,

Sei que já no fim da vida sem um ninho,

Mas teu toco de vela amarelada continua;

Em fim saístes da viela para a rua,

E um palácio tem teu no na fachada...

A eterna chama, da tua luz, a poesia.

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