Eterna Luz.
J. Norinaldo.
Ah! Se aquela rua dos cataventos,
Catassem os meus pensamentos,
De quantas e quantas vezes morri;
Quantas vezes, morto e desnudo,
A luz do toco de vela a mostrar tudo,
Perdi o jeito de viver e de sorrir.
Se os corvos, os chacais, ladrões de rua,
Roubaram-te, te deixando a alma nua,
Esta luz que é eterna e não se apaga;
Como a mão que apedreja quem lhe afaga,
E escarra na boca que lhe beija...
Que ilumina até a derradeira chaga.
Com a lama da sarjeta que escorre,
Vem o último poema de quem morre,
Abanado pelas asas dos horrores;
Nos tremores da mão jamais adunca,
Ainda sinto na beleza das flores,
O Quitanismo, este que não morre nunca.
Todos passarão, mas tu passarinho,
Sei que já no fim da vida sem um ninho,
Mas teu toco de vela amarelada continua;
Em fim saístes da viela para a rua,
E um palácio tem teu no na fachada...
A eterna chama, da tua luz, a poesia.
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