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terça-feira, 7 de junho de 2011


A Palavra e a Flecha.

J. Norinaldo.

A flecha atirada e a palavra dita, não voltam jamais nem que o homem queira, por isto é preciso ao esticar o arco, antes de soltar as amarras do barco, antes de abrir a boca e dizer: dessa água não bebo desse mal não padeço, ter certeza do rumo da flecha e do barco; saber que a água do charco não nasceu imunda. Maçãs de ouro em salva de prata se comparam a palavra dita no momento certo. A flecha sem alvo e o barco a deriva, é a palavra dita da boca pra fora, como um poema que se escreve na areia, sem eco a ser pelo vento levado, como se o poeta estivesse perdido num túnel, trazendo na mão um archote apagado.

Dizer eu te amo é tão simples e doce, para quem ouve de alguém a quem quer, como um salmo, um poema uma prece, e para quem diz que desse mal não padece, é o alvo da flecha ou da água do charco, simplesmente a procela que naufraga o barco.

Por que um anjo armado de flecha simboliza o amor, se a seta traz dor, mata ou aleija? Quem ama não fere não mata ou maltrata, por que sempre ouve: eu te amo da boca que beija. Por isto acredito não fazer sentido, o arco esticado nas mãos do Cupido.

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