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quinta-feira, 23 de junho de 2011



O Gaúcho sem Campo.

J. Norinaldo.

O gaucho do campo migrou pra cidade,

E a felicidade ficou na tapera,

Seu cusco morreu de tanta saudade,

Deu água nos casco do pingo do Cuera;

Hoje vive trancado entre grades de ferro,

E o campo tão grande virou jaula de fera.


Já não sente a vida quando se levanta,

E o cheiro de terra que a muito se foi,

Só a antena lhe traz as noticias do campo,

Já não ouve mais os berros do boi,

Não vê o quero-quero nem o pirilampo,

Só moirões de cimento onde não entra grampo.


Chimarreia em frente ao fogão a lenha,

A erva lhe cai pelo peito do poncho,

Um cusco tosado com roupas de gente;

O minuano açoitando em volta do rancho,

No radio tocando uma moda diferente,

O gaucho se sente como charque no gancho.


O sol já não brilha como brilhava antes,

Sua faca não tem mais o fio que tinha,

Seu falar para os filhos é de um homem rude;

É um velho perdido na invernada da vida,

Como o vento que esbarra na taipa do açude...

Só lhe resta a lembrança da pampa querida.


1 comentário:

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

Gaúcho guapo só no campo, na cidade torna-se um terneiro amoitado, tal como o pantaneiro fora do pantanal. Pantaneiro!!! panamá, camisa xadrez, bota cano longo. Guaiaca, "três oitão", laço doze braças e alazão bem encilhado... que pena!... ser em extinção. Visite Museu do Homem Pantaneiro em Corumbá-MS. Abraço, amigo.